O Líquido Gerador de Espuma (LGE) foi apontado pelo Corpo de Bombeiros como fundamental para evitar uma situação ainda mais grave durante o incêndio que atingiu uma indústria fabricante de produtos adesivos, em Vinhedo (SP), na manhã desta quarta-feira (25). Ao todo, doze pessoas ficaram feridas (veja abaixo detalhes).
Imagens tiradas após o incêndio mostram uma grande quantidade do composto dentro da fábrica. Ele foi utilizado pela própria indústria como medida de proteção, antes mesmo da chegada dos bombeiros.
Para entender melhor o que é o LGE e como e quando ele deve ser utilizado, o g1 conversou com o cabo Marques, do Corpo de Bombeiros de Valinhos, que participou do combate ao incêndio na cidade vizinha.
O que é
Segundo o cabo, o LGE é um composto com capacidade de atuar no combate ao fogo de duas maneiras: abafando as chamas e impedindo o avanço delas ou, em casos mais graves, permear no material que está queimando.
“A hora em que a gente vai bater, pode bater no tanque de alguns caminhões que já geram separadamente, ou a gente tem um equipamento que chama entrelinha, que faz gerar essa espuma. De acordo com a ocorrência, a gente verifica se há necessidade de só abafar esse fogo ou se tem necessidade de gerar uma certa espuma para permear nesse material que está queimando e dissipar”, explica.
Marques destaca que o produto costuma ser caro e precisa ser bem administrado.
“O LGE é um componente importado e bem caro, custa em torno de R$ 400 uma bomba de 20 litros, então ele tem de ser bem utilizado”, diz.
Quando e como é utilizado?
De acordo com o bombeiro, o componente é utilizado em ocorrências como incêndio em carretas, vazamento de produtos químicos ou combustível. Ele cita que a concentração do produto deve ser ajustada de acordo com a circunstância.
“Um é um composto que age entre 3% e 6% e outro, que só a age a 3%. Um [o de até 3%] é utilizado para combater incêndio em combustíveis mais voláteis, tipo álcool, benzano, acetona, que são solventes polares. E o de 6% a gente utiliza para diesel, combustível, uma composição para cobrir esse material.”
Como foi o uso no incêndio em Vinhedo?
O cabo Marques ainda explicou que a empresa tem sistema automático de geração do LGE, o que, na visão dele, foi primordial para controlar o fogo rapidamente.
“Usou por abafamento e também para coibir a progressão do fogo, para ele [LGE] tomar de conta dos tonéis que tinham muito líquido inflamável. Todas as empresas homologadas para trabalhar com benzano, álcool, acetona em grande quantidade já têm os equipamentos que são robotizados para isso. Hora que ele percebe que tem um calor, a máquina já liga e começa a jogar espuma.”
“Senão tinha feito um estrago bem maior, com certeza. É um material caro, mas totalmente eficiente”, finaliza.
Incêndio e feridos
A empresa, chamada Adelbras, fica no Distrito Industrial, e as causas do incêndio ainda serão investigadas pela Polícia Civil. O Corpo de Bombeiros, equipes da Defesa Civil e ambulâncias da prefeitura foram até o local para o combate às chamas e atendimento às vítimas.
A Adelbras informou, às 16h30 de quarta-feira (25), que estava apurando a ocorrência e dando prioridade às pessoas, “nosso mais importante valor”.
“Assim que tivermos os fatos devidamente apurados, enviaremos nota informativa”, comunicou o setor de marketing da empresa.
Foram 12 feridos. A Santa Casa da cidade afirmou que os três internados na unidade estão em estado grave. Uma quarta pessoa, internada no Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, em Campinas (SP), também tem estado considerado grave.
Outros quatro foram levados à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade, três ao Pronto Atendimento (PA) da Capela e um outro à Santa Casa de Valinhos (SP). O helicóptero Águia, da Polícia Militar, auxiliou na remoção.
Estado de saúde das 12 vítimas
- 5 em estado grave, sendo uma no HC da Unicamp, três na Santa Casa de Vinhedo e um na Santa Casa de Valinhos (estável)
- 7 em estado leve, sendo quatro na UPA de Vinhedo e três no PA Capela
Segundo o Corpo de Bombeiros, a própria brigada de incêndio da empresa combateu o fogo e, quando a corporação chegou ao local, as chamas já estavam controladas. Sete viaturas atuaram na ocorrência.
A Defesa Civil informou que houve uma explosão no fundo da empresa, onde fica material químico. A empresa, chamada Adelbras, foi evacuada. Equipes do bombeiros de Campinas se deslocaram até ao local para auxiliar no trabalho.
De acordo com a Prefeitura de Vinhedo, “informações preliminares” apontam que uma máquina de adesivo explodiu no setor de produção da empresa.
Na manhã desta quinta-feira (26), a indústria se posicionou pela primeira vez. Em nota, disse que todos os protocolos de evacuação foram cumpridos e que as causas do acidente ainda estão sendo apuradas.
Veja na íntegra a nota do governo municipal:
A Defesa Civil e a Secretaria de Saúde de Vinhedo estão mobilizadas no atendimento a uma explosão ocorrida nos fundos de uma empresa de fitas adesivas de Vinhedo, localizada no Distrito Industrial, na manhã desta quarta-feira (25). Segundo a Defesa Civil, seis pessoas ficaram feridas, uma delas em estado grave. O prefeito Dr. Dario Pacheco foi até o local do acidente para acompanhar os trabalhos de atendimento as feridos e contenção dos danos causados pela explosão.
O paciente grave e três feridos moderados foram encaminhados à Santa Casa de Vinhedo. Um ferido moderado foi levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e um ferido leve foi para o Pronto Atendimento (PA) da Capela. Ao menos sete viaturas do Corpo de Bombeiros foram mobilizadas para atender à ocorrência. O helicóptero Águia, da Polícia Militar, auxiliou no transporte das vítimas ao hospital e aos prontos atendimentos.
Segundo informações preliminares, uma máquina de adesivo explodiu no setor de produção da empresa, na área de materiais químicos. As causas do acidente ainda são desconhecidas e serão investigadas. A empresa foi evacuada pelos bombeiros, que contiveram a explosão e o incêndio. De acordo com a Defesa Civil de Vinhedo, no início da tarde estavam sendo realizadas operações de buscas de pessoas e controle de vazamentos de produtos químicos no local.
A Prefeitura de Vinhedo e a Defesa Civil vão continuar acompanhando os trabalhos na empresa e vão realizar vistorias no local para identificar as medidas que precisam ser adotadas.
Veja na íntegra a nota da indústria:
A Adelbras comunica que, na manhã de quarta-feira (25), um princípio de incêndio atingiu parte de sua empresa, localizada no Distrito Industrial em Vinhedo. Foram cumpridos todos os protocolos de evacuação e a equipe de brigada de incêndio da companhia atuou rapidamente para conter as chamas e impedir que o fogo se alastrasse. O Corpo de Bombeiros também foi acionado e se deslocou rapidamente até o local para dar continuidade à ocorrência juntamente com as demais autoridades que prestaram os primeiros socorros.
As causas do incidente ainda estão sendo apuradas pelas autoridades locais e a Adelbras está colaborando e prestando os esclarecimentos necessários. A prioridade da empresa, neste momento, é prestar assistência aos envolvidos no incidente e posteriormente atuar para reestabelecer as suas operações. Agradecemos as mensagens de apoio e solidariedade e pedimos respeito à privacidade dos envolvidos e seus familiares.