Alterações de humor, traumatismos físicos, silêncio e isolamento. Crianças e adolescentes vítimas de violência sexual podem apresentar sinais que servem de alerta. Confira possíveis indicadores associados a situações como essas.
Os indicadores foram informados pela docente do curso de psicologia da PUC-Campinas, Gabriela Spadari, e o conselheiro tutelar da região Sul da metrópole, Moisés Sesion.
Veja cinco sinais mais apresentados por crianças e adolescentes:
- Alterações de humor
A criança ou adolescente pode repentinamente ficar mais retraído (a), deprimido (a) ou agressivo (a). Há casos também de pessoas que ficaram mais extrovertidas. - Sinais físicos
Apresentar marcas de agressão pelo corpo, machucados nas partes íntimas, sangramentos, secreções nas roupas e doenças sexualmente transmissíveis. - Silêncio e isolamento
Para manter a vítima em silêncio, abusadores costumam fazer ameaças, usar de violência física ou psicológica, oferecer presentes. Muitas ficam em silêncio e passam a se isolar. - Mudanças nos hábitos
Mudanças no sono, como pesadelo, terror noturno ou medo do escuro. Podem estar inclusas falta de concentração, xixi na cama, aparência descuidada e até piora no desempenho escolar. - Comportamentos repetitivos
A criança ou adolescente pode ficar mais ansioso (a), passar a perguntar mais coisas, inclusive sobre lugares e pessoas. Algumas perguntam tentando se certificar de algo.
Evidências extras
Além dos cinco sinais listados, Moisés completa que algumas crianças e adolescentes podem começar a demonstrar interesse por questões sexuais, incluir o assunto nas brincadeiras e/ou desenhos, além de usar palavras que não condizem com a idade.
Outras podem regredir para comportamentos mais infantis, abandonando características que a idade as trouxe.
Segundo ele, algumas vítimas podem apresentar problemas de saúde, sem causas clínicas aparentes: dor de cabeça frequente, erupções na pele, vômitos ou dificuldades digestiva, por exemplo.
Algumas situações de abuso sexual estão relacionadas à negligência dos responsáveis pelo menor, que pode ficar horas sem supervisão e/ou ser alvo de outros tipos de maus tratos.
Para Gabriela, além dos sinais mais comuns, algumas crianças podem desenvolver medos a partir de abusos ou ter medos preexistentes acentuados. Quando a pessoa abusadora é alguém da família, a criança pode manifestar constrangimento ao ficar perto dela.
A criança tem medo ou porque está sendo ameaçada, ou porque ela não está compreendendo que aquilo é um abuso. Ela interpreta como uma brincadeira, é confuso na cabecinha dela. Nesses casos, ela não consegue verbalizar porque não entende que está sofrendo um abuso”.
Como agir
O conselheiro tutelar ressalta que o conjunto de indicadores requer avaliação especializada para analisar se há ou não abuso sexual.
Sendo assim, responsáveis ou professores devem ficar atentos ao sinais para procurar auxílio adequado.
- Denunciar pelo telefone Disque 100, podendo ser no momento do abuso ou não
- Prestar atenção às mudanças de comportamento, o motivo delas e quando começaram
- Conversar e tentar acolher a criança ou adolescente
- Encaminhar a possível vítima a um psicólogo, psiquiatra ou pediatra
Estupro de vulnerável
O estupro de vulnerável é cometido contra pessoas menores de 14 anos, ou que não podem oferecer resistência ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não têm discernimento para a prática sexual. O crime entrou nas estatísticas da SSP desde 2016.
Os dados da região mostram tendência de alta desde que o crime começou a ser contabilizado. A exceção foi 2020, primeiro ano da pandemia de Covid-19 e que registrou queda em vários indicadores criminais.
Entre 2021 e 2022, os estupros de pessoas vulneráveis aumentou 8,62% na região de Campinas. Foram 719 registros no ano retrasado e 781 no ano passado.