Ressurgimento do sorotipo 3 do vírus da dengue no Brasil é alertado pela Fiocruz. O instituto afirma que há mais de 15 anos esse sorotipo não causa epidemias no país, mas quatro casos de infecção relacionados a esse sorotipo foram registrados em 2023, dois em Roraima e dois no Paraná.
A linhagem detectada foi introduzida nas Américas a partir da Ásia, entre os anos de 2018 e 2020, provavelmente a partir do Caribe. Felipe Naveca, pesquisador da Fiocruz Amazônia, explicou que “nossos resultados mostraram que houve uma nova introdução do genótipo III do sorotipo 3 do vírus da dengue nas Américas, proveniente da Ásia.
Essa linhagem está circulando na América Central e recentemente também infectou pessoas nos Estados Unidos. Agora, identificamos que chegou ao Brasil”. Ainda de acordo com o pesquisador, o risco de uma epidemia com o retorno do sorotipo 3 ocorre por causa da baixa imunidade da população, uma vez que poucas pessoas contraíram esse vírus desde as últimas epidemias registradas no começo dos anos 2000.
A pesquisa contou com a participação de especialistas dos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacens) de Roraima e do Paraná e de outras diversas instituições de pesquisa. Dos quatro casos analisados, três são referentes a infecções autóctones de Roraima, de pacientes que se infectaram no Estado e não tinham histórico de viagem. Já o caso no Paraná foi importado, diagnosticado em um indivíduo vindo do Suriname. Os resultados do estudo foram publicados em formato preprint e a pesquisa foi submetida para publicação em periódico científico.
O ressurgimento de um sorotipo que estava ausente há um tempo significativo representa uma preocupação sobre a possibilidade de novas epidemias no Brasil. O vírus da dengue possui quatro sorotipos, a infecção por um deles gera imunidade contra o mesmo sorotipo, mas é possível contrair dengue novamente se houver contato com um sorotipo diferente. O alerta válido não só para o Brasil, mas para toda a região das Américas. Com o grande número de casos de arboviroses esse ano no Brasil, a detecção de um novo sorotipo do vírus da dengue não é uma boa notícia, segundo o pesquisador Felipe Naveca.