‘Motivo do divórcio foi o ronco’: Quando procurar ajuda médica para lidar com o ronco? Quando o ruído ficar muito alto ou desde o momento em que começar a atrapalhar o sono do parceiro ou parceira ao lado?
Em casos extremos, como o da aposentada Marcia Bucci, de São Caetano do Sul (SP), o ronco pode afetar mais do que a saúde do paciente e impactar também nas suas relações.
Me divorciei e um dos motivos foi o meu ronco.
Marcia Bucci, aposentada
Diagnóstico
Aos 60 anos, Marcia conta que teve o diagnóstico de apneia há mais de uma década, quando ainda era casada.
A apneia é a causa mais grave do ronco. Ela ocorre quando as nossas vias aéreas se estreitam ao ponto em que chegam a ficar bloqueadas, interrompendo a respiração por alguns segundos.
A aposentada diz que não ficou surpresa com o resultado da polissonografia (o exame que identifica o quadro), pois já suspeitava que alguma coisa estava errada com a sua qualidade de sono: acordava sempre cansada e tinha dificuldade de concentração ao longo do dia, sinais típicos da condição.
“Eu nunca percebia, mas incomodava bastante o meu ex-marido porque era algo constante. Eu acordava até com ele me chacoalhando algumas vezes”, relembra.
Marcia tentou usar um daqueles clipes nasais para manter a via respiratória mais aberta, mas não adiantou.
A outra saída seria usar aparelhos como o CPAP ou BiPAP, que corrigem a respiração, mas isso esbarrou na questão financeira. Um equipamento desses pode passar de R$ 5 mil. O SUS até o fornece, mas a fila é longa.
Dormir em quartos separados, uma ideia que poderia resolver o incômodo do marido, não era uma possibilidade para ela por conta do tamanho do apartamento da família.
E, para piorar tudo isso, o ronco dela era motivo de piada de mau gosto do marido. Em algumas ocasiões, geralmente quando o casal se reunia com amigos, Marcia relembra que seu parceiro costumava caçoar dela, o que a deixava com bastante vergonha.
“Aí a coisa foi se agravando até chegar num ponto que eu não queria mais ficar casada com ele. As pessoas comentavam muito e comecei a ficar com depressão. Tive que tomar remédio e fazer alguns tratamentos”, diz.
Hoje, ela tenta focar em perder peso, o que poderá ajudar com o ronco. De um modo geral, a gordura acumulada nas vias aéreas dificulta a passagem de ar.
Quando procurar ajuda?
Mesmo que seu parceiro não se importe com seu ronco, vale a pena consultar um médico especialista em distúrbios do sono (como o otorrinolaringologista) quando:
- houver episódios frequentes de ronco;
- estiver com sintomas como sensação de que dormiu mal, dores de cabeça ou cansaço ao longo do dia.
Basta a pessoa ter algum grau de prejuízo diurno (sonolência, fadiga, irritabilidade) ou noturno (roncos, engasgos, fragmentação do sono) para que a busca de ajuda seja necessária.
— Danilo Sguillar, médico otorrinolaringologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo
Ronco alto não determina gravidade: O profissional, que também é médico do Sono pela Associação Médica Brasileira, explica que o volume do ronco não determina a gravidade dos quadros e somente o exame da polissonografia é capaz de fazer o diagnóstico de distúrbios, como a apneia.
E se for apneia do sono?
Nos casos em que houver motivo suspeito de apneia do sono, o médico pode realizar a polissonografia para fazer o diagnóstico e determinar se o quadro é mais leve, moderado ou grave.
De qualquer forma, é importante ficar atento aos sintomas. Confira abaixo.
Se você também encontrar alguém apresentando esses sinais de alerta, leve-o ao médico.
O que a apneia do sono faz com o seu corpo
Segundo o NHS, o serviço de saúde britânico, caso não tratada, a apneia do sono pode levar a diversos problemas de saúde, como:
- Pressão alta;
- Maior chance de infarto;
- Diabetes;
- Doenças do coração;
- Dificuldades de concentração;
- Maior chance de se envolver em acidentes graves causados pelo cansaço, como batidas de carro.
“De forma crônica, a apneia do sono sobrecarrega o coração”, explica o otorrinolaringologista, que também é Coordenador do Departamento de Medicina do Sono da ABORL-CCF (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial).
Segundo ele, a condição aumenta a pressão arterial, que pode levar a quadros de arritmia e infarto agudo do miocárdio e alterar nosso sistema metabólico propiciando resistência à insulina e maiores chances de diabetes mellitus tipo 2.
“O tratamento previne estas patologias. Portanto, é recomendável precocidade no diagnóstico e no tratamento”, alerta Danilo Sguillar.
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