A população brasileira está passando por mudanças significativas em seu perfil demográfico e padrões de moradia, revela a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os resultados referentes a 2022 mostram um aumento no envelhecimento da população, um crescimento no número de pessoas vivendo sozinhas e uma maior dependência do aluguel como forma de moradia. Essas tendências têm impactos sociais e econômicos em todo o país.
Com base nos dados coletados em uma amostra de 168 mil domicílios, com a faixa etária acima de 60 anos saltando de 11,3% para 15,1% da população. Ao mesmo tempo, o percentual de pessoas com menos de 30 anos diminuiu de 49,9% em 2012 para 43,3% em 2022. Além disso, as mulheres são as que vivem mais tempo, com uma proporção de 78,8 homens para cada 100 mulheres acima de 60 anos.
Outro aspecto revelado pela pesquisa é o crescimento no número de domicílios com apenas um morador. Em 2022, 15,9% dos lares no país habitavam-se por uma única pessoa, um aumento em relação aos 12,2% registrados uma década atrás. Esse fenômeno é mais comum entre os homens, com 55,4% deles vivendo em famílias unipessoais, enquanto entre as mulheres esse número é de 44,6%. A análise por faixa etária mostrou que 12,3% dos moradores nessas condições tinham entre 15 e 29 anos.
Em relação à forma de moradia, o percentual de pessoas que alugam suas residências aumentou em comparação com pesquisas anteriores. Em 2022, 21,1% dos domicílios eram aluguéis, em comparação com 18,8% em 2016. Esse aumento foi observado em todas as regiões do país, com destaque para o Centro-Oeste, que viu uma elevação de 24,5% para 27,8%, e para a região Sul, que registrou um aumento de 18,6% para 20,9%. Entre 2016 e 2022, houve uma diminuição contínua no percentual de domicílios próprios já quitados, que passaram de 66,7% em 2016 para 63,8% em 2022.
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Outro aspecto relevante da pesquisa é a diversidade racial da população brasileira. A proporção de pessoas autodeclaradas pretas aumentou de 7,4% para 10,6% entre 2012 e 2022, refletindo uma tendência de crescimento nos últimos 10 anos. No entanto, a maioria da população ainda se autodeclara parda, representando cerca de 45% do total. O percentual de negros (pretos e pardos) atingiu 55,9% da população em 2022, com variações regionais significativas, sendo mais predominantes no Norte (78,4%) e menos no Sul (26,3%).
Além disso, a pesquisa aponta para desigualdades no acesso a serviços básicos. Em 2022, 6,4 milhões de domicílios conectados à rede de abastecimento de água não recebiam água diariamente, com maior destaque para o Nordeste, onde 28,2% das residências viviam nessa condição. Isto é, na região Norte registrou o menor percentual de domicílios ligados à rede geral de água, com apenas 60% dos lares conectados. No entanto, a média nacional se manteve estável em 85,5% desde 2012.
Quanto ao acesso ao saneamento básico, houve um aumento no percentual de domicílios conectados à rede de esgotamento sanitário, passando de 68,2% em 2019 para 69,5% em 2022. Esse número foi ainda maior nas áreas urbanas, chegando a 78%. No entanto, existem disparidades significativas entre as regiões, com São Paulo atingindo um índice de 93,6% de cobertura, enquanto o Amapá possui apenas 20,7%.
Por fim, a pesquisa também revelou um aumento no acesso a bens de consumo. O número de domicílios com veículos aumentou, estando presente em três quartos das residências. Os automóveis foram encontrados em 49,8% dos lares brasileiros, enquanto as motos estavam presentes em 25%. O acesso à energia elétrica e à coleta de lixo também melhorou significativamente nos últimos anos.