A roupinha personalizada deixa em evidência a importância do funcionário: ‘delegato’ é o título que estampa o brasão. Há alguns meses, quem procura atendimento na Delegacia de Polícia Civil de Americana (SP) é surpreendido pelo jeito sorrateiro e cheio de charme do agente de quatro patas.
Bartolomeu, que há poucos meses vivia na rua, é o nome do gatinho que tem dado um tom especial à rotina de investigações da unidade. Chegou em uma madrugada de março, ferido e faminto, e foi acolhido pelos policiais. Segundo a delegada Regina Castilho, o bichano foi tão bem tratado que acabou voltando. Ganhou comida, carinho e boa vida.
“Cada um foi trazendo uma coisa. Delegado, plantonista, funcionários que trabalham aqui. A ração nós já tínhamos por tratar de outros animais e foi dando pra ele também. Na falta, os policiais também compram, fazem vaquinha”, comenta. Teve até consulta com veterinário. Foi castrado e recebeu todos os cuidados que não tinha nas ruas.
Um dia decidiu ficar de vez e agora não sai mais da delegacia. Pela manhã, nos dias frios, curte o sol que bate na escada. Quando não está descansando, faz plantão. Uma ronda básica pela delegacia para ver se está tudo bem. Depois de verificar o lado de dentro, dá uma sondada lá fora.
“Ele é a coisa mais fofa. Os meninos cuidam super bem dele. Tem atenção sempre, tem água sempre. Quem resiste a um gatinho?”, questiona a enfermeira Isabela Costa.
Bartolomeu até ganhou um departamento fictício. É chefe da ‘Delegacia de Proteção Animal’, como mostra o uniforme. “De dia ele fica com a roupinha e [a gente] tira a noite porque ele sai muito, volta. Aqui na delegacia ele conhece o prédio inteirinho. Ele anda, volta, sai, mas nunca sai daqui da frente, do atendimento ao público”, comenta o servidor Jota Silva.
Xodó entre os policiais, o felino faz bem até para as vítimas que chegam para registrar uma ocorrência. A ideia era que a delegacia fosse apenas um lar temporário, mas pelo visto essa é mesmo a nova casa dele. “Ele fica atento aqui, igual policial, realmente. Igual aqueles cachorros de policial. Ele fica aqui, fica alegre, todo mundo que chega abraça ele. Ele é meigo, dócil”, completa.
Terapia felina
De acordo com a delegada Ana Beatriz Janezi, a presença do pet pode mesmo trazer benefícios. “O animal em si ajuda o pessoal a interagir. O gato já tem estudos, falando pelo suporte emocional, que ele ajuda a diminuir o hormônio cortisol, de estresse, então acredito que só tem benefícios”.