O novo filme live-action da Disney, ‘A Pequena Sereia’ – uma releitura do clássico infantil – lançado no último mês de maio, fez sucesso nas bilheterias do mundo inteiro. Alguns personagens animados chamaram a atenção do público, já que embora sejam ficcionais, apresentam semelhanças com as espécies de animais marinhos “da vida real”.
A história aborda a vida no fundo do oceano e mostra a diferença entre os seres aquáticos e humanos. O filme se passa em algum lugar do Caribe, provavelmente ao norte da América do Sul, uma vez que o mapa da região deles contém lugares como Colômbia e Venezuela e se passa entre 1822-1889.
O biólogo e mestrando em Zoologia, Pedro Henrique Tunes falou nas redes sociais sobre as espécies retratadas no longa-metragem. Confira os animais que serviram de inspiração.
Castanheta-das-rochas
O personagem Linguado, o divertido peixe companheiro de Ariel, possui semelhanças com a espécie castanheta-das-rochas (Abudefduf saxatilis), um peixe da família dos Pomacentrídeos que habita as zonas tropicais e subtropicais do oceano Atlântico, com particular destaque para o arquipélago de Cabo Verde, o arquipélago da Madeira e a costa brasileira, privilegiando os ambientes de águas pouco profundas, com corais e rochas.
É uma espécie que vive em pequenos grupos de 5 a 30 indivíduos, alimentando-se de vegetais e pequenos invertebrados, como larvas de moluscos, crustáceos, zooplâncton e algas e frequentemente são vistos se alimentando de fezes e vômitos de golfinhos.
Ganso-patola
O Sabidão/ Scuttle – personagem engraçado e desajeitado com interpretações equivocadas sobre objetos humanos – é retratado como um ganso-patola (Morus bassanus), uma ave que vive no Atlântico Norte, mas que ocasionalmente pode ser encontrada no sul do Caribe.
As interações da Ariel com Sabidão acontecem em grande parte no fundo do mar, o que justifica a escolha da espécie, já que o ganso-patola consegue prender a respiração por bastante tempo. A ave se alimenta principalmente de pequenos peixes que se agrupam em cardumes perto da superfície e realiza mergulhos oceânicos espetaculares em alta velocidade, até 40 metros de profundidade.
Caranguejo
O personagem Sebastião, retratado no filme como ajudante oficial da corte e amigo de Ariel, não possui uma espécie exata na vida real. De acordo com Pedro, o personagem tem uma anatomia que se mistura com caranguejos e siris de diversas famílias diferentes.
“O olho, as garras, a anatomia da carapaça e os primeiros pares de patas lembram bastante os caranguejos-fantasmas, que são muito adaptados para a vida na terra e nem conseguem respirar debaixo d’água. Porém, os últimos pares de patas do Sebastião são de siri, justamente para ter essas cenas dele poder nadar melhor na água. Parece que eles inventaram uma espécie para o filme”, explica o biólogo.
Golfinho-nariz-de-garrafa
O golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) é uma espécie comum em mares do mundo todo e estes animais aparecem em diversas cenas do filme. São encontrados particularmente em águas tropicais, subtropicais e águas temperadas. Além disso, possui um comportamento de vir a superfície respirar em média a cada 1 e 2 minutos, porém podem realizar mergulhos mais profundos e desta forma ficar um maior tempo submerso, cerca de 5 minutos.
Peixe-boi-das-índias-ocidentais
Encontrado na porção Oeste do Atlântico, o peixe-boi-das-índias-ocidentais (Trichechus manatus) pode ultrapassar 1.500 kg e se alimenta de plantas aquáticas. Uma curiosidade é que o nome científico da ordem dos peixes-boi, Sirenia, vem do fato de que as lendas de sereias podem ter sido inspiradas nesses animais, uma teoria que está refletida em diversas línguas antigas.
Ophiuroidea
Essa classe de equinodermos parece superficialmente com estrelas-do-mar, mas são extremamente móveis e flexíveis. No filme elas se levantam e dançam. Segundo o biólogo, existe uma grande diversidade de espécies, dessa forma não é possível dizer com exatidão qual delas inspirou na criação.
“É um grupo com mais de 500 milhões de anos, encontrados em todos os oceanos, que soltam seus braços pra fugir de predadores”, conta.
Coió
O coió (Dactylopterus volitans), também conhecido como falso-voador, é um peixe de até 50 cm encontrado em muitas partes do Atlântico, inclusive no Caribe. O animal possui grandes nadadeiras extremamente flexíveis e vive majoritariamente perto do leito oceânico.
Moreia
Moreias são animais extremamente ágeis e geralmente se encontram em fendas, rochas ou corais. Algumas espécies como a Gymnothorax javanicus chegam a mais de 3 metros, mas a maioria é relativamente pequena. “Um fato curioso sobre as moreias são as mandíbulas faríngeas. Quando elas mordem suas presas, os arcos faríngeos modificados puxam o animal capturado para dentro da boca”, explica o biólogo.
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