Três dias após ser resgatado, o golfinho da espécie Kogia breviceps, popularmente conhecida como cachalote-pigmeu, foi solto na praia do Guaiúba, em Guarujá, no litoral de São Paulo. O retorno do animal para o seu habitat natural demandou uma operação especial. Ele passou por um tratamento após ser encontrado encalhado e sangrando por moradores, em Santos, na cidade vizinha.
O golfinho apareceu, por volta das 11h, no último domingo (2), na praia do José Menino. Equipes do Instituto Gremar montaram uma operação no local e resgataram o animal, que estava em estado grave. Após mais de uma hora, os profissionais resgataram o golfinho e o encaminharam ao Centro de Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos, em Guarujá.
Ainda segundo o órgão, o estado do golfinho era considerado grave, com uma lesão na região da cauda e aparentemente marcas de interação com rede de pesca. O animal tratava-se de uma fêmea juvenil, de aproximadamente 2,80 m de comprimento.
Ele ocupou um tanque de 60 mil litros de água, com sistema de suporte de tratamento, onde recebeu as medicações, suplementação vitamínica e alimentação parenteral (via sonda). Segundo o Gremar, o animal apresentou boa capacidade de natação, comportamento esperado para a espécie, além de exames clínicos com parâmetros dentro da normalidade, sendo considerada apto para a soltura.
O golfinho retornou ao seu habitat natural nesta quarta-feira, na Praia do Guaiúba. De acordo com o Gremar, a soltura ocorreu de forma assistida, exigindo equipe capacitada, estratégia, equipamentos específicos e organização logística. O animal foi transportado do Centro de Reabilitação até a praia em uma maca feita especialmente para o indivíduo, e contou com auxílio de um caminhão munck.
A equipe do Instituto Gremar realizou a reflutuação e forneceu todo suporte e assistência necessária até que ele se readaptasse às condições do ambiente natural. Após 5 horas e meia, o animal demonstrou-se bastante ativo e seguiu em direção ao mar.
Este é o primeiro caso de soltura da espécie desde o início do trabalho do Instituto Gremar. Antes haviam sido registrados somente outros dois casos com a espécie na região, em 2017 e 2020. Nessas ocasiões, os dois animais encalharam com vida, mas não resistiram.
Cachalote-pigmeu
Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a espécie Cachalote-pigmeu pertence à ordem dos cetáceos (baleias, botos e golfinhos) e possui características como presença dentes e apenas um orifício respiratório. Os animais habitam águas costeiras e oceânicas e seu tamanho pode varia de 1,5 m para a Franciscana a 18 m para o macho adulto do cachalote.
A espécie ocorre preferencialmente ao largo da plataforma continental em águas tropicais e temperadas, podendo ser avistada solitária ou em pequenos grupos de até 6 indivíduos. Existem muito poucas informações sobre a espécie, fazendo com que ela seja classificada como contendo dados insuficientes (DD) para categorização de seu status de conservação.