“Aqui nós temos o pôr-do-sol mais bonito de todos”, essa é uma frase que se repete em todos os cantos do país. Em João Pessoa, por exemplo, já é tradicional na Praia do Jacaré o encontro de turistas para contemplar o fim de tarde ao som da música Bolero de Ravel, interpretada ao vivo por um saxofonista.
A equipe do Terra da Gente já registrou cenas incríveis na Amazônia e às margens do rio Araguaia. Mas será que existe um pôr-do-sol mais bonito que o outro? “Sim, o mais incrível na natureza é que a gente tem um pôr-do-sol diferente em cada lugar. Para escolher o mais bonito, depende um pouquinho do gosto de cada um e o carinho que as pessoas tem pela região. Mas o que conta muito é o ambiente, porque cada paisagem de certa forma ajuda na combinação dessas cores. Tudo é uma questão de química”, explica Maria Manuela Machado, professora de química do SESI.
ATMOSFERA TRANSFORMA O PÔR-DO-SOL
A luz do sol é branca, ou seja, é a soma de todas as cores. Quando a Terra é iluminada, os gases e partículas que estão na atmosfera filtram essa luz, por isso, a composição da atmosfera de cada região é determinante nas cores que se espalham ao cair do dia. “A umidade do ar, a poeira e até a poluição influenciam. Dependendo do local, eu vou ter cores com intensidades diferentes. Tudo vai afetar a composição do ar e trazer diferentes experiências do pôr-do-sol”, diz a professora de química.
Até o pólen das flores pode interferir neste colorido que invade o céu. “A gente tem uma atmosfera que não é formada apenas por gases, mas por pequenas partículas, como por exemplo, o pólen das flores. Tudo que é leve e está disperso no ar desvia o caminho da luz e interfere na passagem de luz que chega até os nossos olhos”, explica a professora de química.
Por isso, a paisagem é determinante para definir as cores, dependendo do lugar o céu ganha uma tonalidade. “O pôr-do-sol do deserto vai ser completamente diferente daquele fim de tarde em uma região banhada por um rio. Por causa da evaporação a umidade é maior e as gotículas de água naquela atmosfera podem trazer mais cores. A dispersão da luz do sol vai ser diferente”, explica Maria Manuela.
MELHORES ESTAÇÕES PARA CURTIR O PÔR-DO-SOL
Se eu te falasse que o céu não é azul? Só enxergamos assim, porque a cor azul se espalha pela atmosfera quando o sol ilumina a Terra.
Só que tem um detalhe nessa história, o azul é a cor que tem o menor comprimento de onda, mais próximo do comprimento das partículas dos gases da atmosfera, no fim de tarde a luz do sol precisa percorrer uma distância maior, então, o céu reflete as luzes com comprimento de onda maior, ou seja, o vermelho e o laranja.
No outono e no inverno a Terra fica mais distante do Sol, por isso, nesta época do ano o vermelho que tem um comprimento de onda maior, fica mais intenso aos nossos olhos. “As cores frias sempre se dispersam primeiro no horizonte e as cores quentes que deixam o pôr-do-sol mais bonito vão se dispersar por último. Quanto mais o azul for filtrado, mais vamos observar o vermelho e o laranja, cores que deixam o pôr-do-sol bonito”, conclui a professora.