O Ministério Público do Trabalho (MPT), divulgou uma pesquisa do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho mostra que, em 2022, o Brasil registrou 612,9 mil notificações de acidentes na jornada profissional. Dessa forma, isso resultou em 148,8 mil benefícios no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Além disso, o número de óbitos por acidente de trabalho no país atingiu 2.538 no ano passado.
O estado de São Paulo apresentou o maior volume de notificações por acidentes de trabalho, sendo 204.157 no total. Minas Gerais vem em seguida, com 63.815 notificações, seguido do Rio Grande do Sul, com 50.491.
Em escala municipal, a capital paulista exerce a liderança, com 51.233 notificações, ficando à frente do Rio de Janeiro (18.747) e de Belo Horizonte (11.776). O procurador do Trabalho Luciano Leivas avaliou que, considerando esses dados refletem um quadro da distribuição da população economicamente ativa no país. “São estados mais populosos, com maior empregabilidade e, por conta dessa maior concentração da população economicamente ativa, os dados absolutos apontam o estado de São Paulo e outras unidades com maior população economicamente ativa ponteando esses dados”.
A área da saúde, por sua vez, concentra grande parte dos acidentes de trabalho, representando 10% das notificações no INSS. A atividade de atendimento hospitalar é o setor com mais acidentes de trabalho, somando 603.631 de 2012 a 2022. Neste cenário, a de técnico de enfermagem detém o maior número de acidentes de trabalho, da ordem de 313.654 no mesmo período. Além disso, existem também subnotificação na área da saúde. “Muitos serviços diversos do setor hospitalar deixam de fazer as comunicações de acidente de trabalho por vários motivos”, afirmou Leivas.
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Ainda de acordo com ele, a questão da prevenção de acidentes de trabalho merece destaque. “Do ponto de vista econômico, os acidentes de trabalho têm grande impacto, e também na Previdência Social, traduzidos por valores elevados de benefícios, como pensão por morte, aposentadorias por invalidez, auxílio-doença por incapacidade temporária, decorrentes de acidentes de trabalho”. No mesmo sentido, O presidente da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANMAT), Francisco Cortes Fernandes, explicou que a questão da segurança e da medicina do trabalho deve ser um processo interligado.
O engenheiro ocupacional, por exemplo, reconhece os riscos existentes no local de trabalho, comunicando o limite de tolerância de exposição ocupacional. Sendo assim, cabe a este profissional propor medidas de segurança no ambiente de trabalho.
Nessa linha de pensamento, a mestre em fisiologia do exercício pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Bianca Vilela, afirmou que as empresas têm um papel preponderante para evitar acidentes no ambiente corporativo. “É o exemplo que, depois, deve ser levado para fora da empresa”. Bianca destacou que a empresa é uma célula de cultura que vai abordar ali a saúde e a segurança de seus colaboradores.
Dessa forma, é preciso que, também, haja conscientização da parte dos trabalhadores, porque existe muita gente resistente a seguir as normas. Bianca salientou que quem desempenha um serviço há muitos anos sem problemas, pode ter uma falsa impressão que está imune a acidentes.“Isso é muito perigoso. A empresa precisa dar esse fomento de treinamento e de equipamentos, mas o colaborador tem uma palavra muito importante nesse processo, que é a aceitação. Ele precisa aceitar aqueles procedimentos corretos para que ele mesmo seja o beneficiado”.