Há meio século, uma festa de rua numa periferia urbana desencadearia uma revolução na cultura sem precedentes. A precisão na marcação do nascimento de movimentos culturais é desafiadora, mas no caso do hip hop, o dia 11 de agosto de 1973 é amplamente aceito como um ponto de partida.
Nesse marco, DJ Kool Herc, com 18 anos, organizou uma festa no Bronx, em Nova York. Nessa esquina esquecida, algo extraordinário aconteceu. Enquanto o rap, um canto falado, se destacava, a festa explodia com pinturas coloridas e acrobacias. Tudo estava em pleno movimento, uma explosão de expressão.
O DJ pioneiro, nascido na Jamaica, arriscou técnicas inovadoras, como o uso de dois discos de vinil para esticar trechos de músicas e o acidental “scratch”, que logo revolucionaria o cenário musical. O contexto de Nova York, permeado por violência e pobreza, gerou várias formas de arte, mas nenhuma se igualava ao impacto do hip hop.
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Demorou uma década para que o movimento alcançasse seu pleno potencial. “Rapper’s Delight”, lançado em 1979, e “The Message” foram marcos cruciais. Run DMC e outros artistas abriram caminho para uma escalada global, que culminou em vendas expressivas e reconhecimento da MTV.
O Brasil não ficou imune, com o lançamento de “Melô do Tagarela” e o surgimento do rap nacional. A influência do gangsta rap de Los Angeles moldou os anos 90, destacando os Racionais MCs. Assim essa onda chegou até os dias atuais, com artistas como Beyoncé, Drake e Emicida dominando o cenário.
Além do rap, a cultura do DJ prosperou, e o break se estendeu à dança contemporânea. O graffiti saiu das ruas para as galerias. Por fim, o hip hop é uma constante na história moderna, influenciando a música, a dança e a arte. Cinquenta anos depois, sua influência ressoa em cada canto do mundo.