A família de um jovem médico japonês, Shingo Takashima, que faleceu por suicídio no ano anterior após acumular mais de 200 horas extras em um único mês, está clamando por mudanças profundas em um país há muito atormentado pela cultura do trabalho excessivo. Shingo Takashima, residente médico em Kobe, tirou sua própria vida em maio de 2022, um ato trágico que chamou a atenção para a questão da sobrecarga de trabalho no Japão.
A tragédia de Takashima lançou luz sobre a perigosa rotina de trabalho que ele enfrentava. Segundo a emissora local NHK, nos meses que antecederam sua morte, Takashima enfrentou jornadas de trabalho extenuantes, acumulando mais de 207 horas extras. Enquanto ficou sem um único dia de folga durante três meses consecutivos. As alegações de abuso no ambiente de trabalho foram negadas pelo hospital Konan Medical Center, onde ele servia como médico residente.
No entanto, as autoridades de inspeção de trabalho declararam a morte de Takashima como um incidente relacionado ao trabalho, devido às longas horas que ele dedicava. Esse caso ressalta as tremendas pressões que os profissionais de saúde enfrentam, intensificando a preocupação sobre a persistente cultura de excesso de trabalho no Japão.
Ao longo dos anos, o Japão travou uma batalha contínua contra a cultura de trabalho excessivo. Muitos setores testemunharam relatos de jornadas extenuantes, supervisão opressiva e uma forte lealdade à empresa, como relatado pelo Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar. O resultado tem sido um crescente impacto negativo na saúde mental e física dos trabalhadores, com alguns casos levando à “karoshi”, ou “morte por excesso de trabalho”.
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A coletiva de imprensa realizada pela família de Takashima expôs o desespero que o jovem médico enfrentava. Sua mãe, Junko Takashima, compartilhou que ele se sentia negligenciado e sem apoio. Ela expressou a esperança de que o ambiente de trabalho dos médicos mude para evitar tragédias futuras.
A trágica morte de Shingo Takashima não é um caso isolado. No Japão, casos de excesso de trabalho têm surgido repetidamente, destacando a necessidade de reformas significativas na cultura de trabalho. A conscientização sobre essa questão é vital, especialmente no setor de saúde, onde um estudo mostrou que mais de um quarto dos médicos em tempo integral trabalham até 60 horas por semana, perpetuando um ambiente de risco.
Embora tenha havido reformas legislativas visando limitar as horas extras, a batalha contra o excesso de trabalho continua. Embora a média de horas anuais de trabalho por pessoa tenha diminuído, as horas extras permanecem uma preocupação. Assim a trágica história de Shingo Takashima é um lembrete doloroso da necessidade contínua de criar ambientes de trabalho saudáveis e sustentáveis.