Um novo estudo, a Pesquisa TIC Educação 2022, lançada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), destaca a crescente demanda por apoio dos professores no enfrentamento de situações sensíveis vivenciadas por estudantes na internet.
Os resultados revelam que seis em cada dez professores são solicitados para auxiliar os alunos em questões como o uso excessivo de jogos e tecnologias digitais, cyberbullying, discriminação, disseminação ou vazamento de imagens sem consentimento e assédio.
A pesquisa, que envolveu 10.448 entrevistas realizadas presencialmente entre outubro de 2022 e maio de 2023 em 1.394 escolas de diferentes redes de ensino. Destaca que os estudantes, especialmente os mais velhos, buscam cada vez mais orientação de seus professores em relação ao uso de tecnologias digitais.
Surpreendentemente, cerca de 80% dos alunos com 9 a 10 anos de idade procuram seus pais ou responsáveis para obter informações. Enquanto esse número cai para 34% entre os alunos com 18 anos ou mais. No entanto, a busca pelos professores permanece constante, com uma média de 43% de todos os grupos etários, atingindo até 56% nas áreas rurais.
Daniela Costa, coordenadora da pesquisa TIC Educação, enfatiza que os professores são uma fonte de referência estável no desenvolvimento dos estudantes. Ela destaca que “à medida que os alunos envelhecem, eles se tornam mais independentes, recorrendo a amigos, vídeos e tutoriais na internet ou até mesmo aprendendo por conta própria. No entanto, os professores continuam sendo uma fonte valiosa de orientação.”
Leia mais:
Homicídios em declínio no estado de São Paulo em Agosto
Quanto aos métodos de aprendizado, os resultados mostram que a proporção daqueles que aprendem com vídeos e tutoriais na internet varia de 63% a 90%, dependendo da faixa etária. Além disso, a pesquisa revela que 97% dos alunos com 18 anos ou mais preferem aprender por conta própria.
No entanto, à medida que os estudantes envelhecem, eles relatam receber mais orientações de professores. Com até 67% dos alunos do ensino médio afirmando ter recebido informações sobre o uso seguro da internet, detecção de notícias falsas e trabalhos escolares.
A pesquisa também destaca a necessidade de formação para os professores, uma vez que 75% deles expressam a falta de cursos específicos voltados para a adoção de tecnologias digitais em suas atividades educacionais. Além disso, metade dos professores enfrenta desafios ao incorporar a tecnologia na sala de aula. Com 50% afirmando que os alunos ficam dispersos durante as aulas digitais.
Costa ressalta a importância de não proibir o uso de equipamentos tecnológicos nas escolas, mas sim incorporá-los de forma pedagógica. “Restringir ou proibir o uso de tecnologia pode inviabilizar oportunidades para estudantes que já enfrentam desigualdades em outros aspectos”, afirma.
Em relação à inclusão da comunidade escolar, apenas metade das escolas oferece atividades relacionadas ao uso de tecnologia, muitas vezes apenas uma vez por ano. Os resultados sugerem a necessidade de uma abordagem mais abrangente e constante para envolver pais, responsáveis e outros funcionários da escola nas questões tecnológicas.
Por fim, o estudo destaca que as escolas brasileiras estão mais conectadas após a pandemia. Porém ainda enfrentam desafios relacionados à falta de dispositivos e à necessidade de qualificação no uso das tecnologias digitais. A coordenadora da pesquisa, Daniela Costa, enfatiza a importância de uma educação significativa mediada por tecnologias digitais e a inclusão dessas questões no currículo escolar.
Em resumo, a Pesquisa TIC Educação 2022 destaca o papel fundamental dos professores no apoio aos alunos em questões sensíveis da internet e a necessidade de formação e inclusão tecnológica nas escolas para atender às demandas crescentes do ambiente digital em constante evolução.