A OMS (Organização Mundial de Saúde) lançou um alarmante relatório intitulado “Incentivando o Desenvolvimento de Novos Tratamentos Antibacterianos 2023”, revelando um aumento preocupante nas mortes relacionadas a superbactérias resistentes aos medicamentos tradicionais. Os óbitos saltaram de 700 mil para 1,2 milhão em todo o mundo.
Superbactérias podem causar pneumonia, infecções urinárias e da corrente sanguínea, com sintomas variando de taquicardia a falência de órgãos. A resposta da indústria farmacêutica a essa crise é alarmante, assim, com falta de pesquisa de novos antibióticos e a maioria dos medicamentos disponíveis baseados em fórmulas antigas.
Apenas 77 novos tratamentos estão em desenvolvimento clínico globalmente, a maioria derivada de classes de antibióticos já existentes, com chances limitadas de chegar ao mercado. As superbactérias desenvolvem resistência rapidamente, desinteressando a indústria farmacêutica.
Grandes empresas farmacêuticas, incluindo Novartis, AstraZeneca, Sanofi, Allergan e Medicines, abandonaram pesquisas antibacterianas nos últimos anos, preferindo áreas mais lucrativas, além assim a oncologia.
Nos Estados Unidos, o investimento em oncologia superou em 17 vezes o investimento em antibióticos na última década. Agora, governos do G7 estão assumindo a responsabilidade de financiar novas pesquisas após um acordo em 2022.
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No Brasil, o Sindusfarma enfatiza a necessidade de investimento estatal para combater as superbactérias. O relançamento do Complexo Econômico e Industrial da Saúde (Geceis) é uma iniciativa que poderia tornar o país um líder na solução global para esse problema crítico.
O relatório da OMS também menciona uma pesquisa na revista “The Lancet”, estimando 1,27 milhão de mortes diretamente relacionadas às superbactérias em 2019. Além disso, 4,95 milhões de óbitos indiretos, representando um aumento significativo em relação às estimativas anteriores.
A automedicação e a prescrição inadequada contribuem para a resistência bacteriana, assim como o uso excessivo de antibióticos na cadeia alimentar. A penicilina, o primeiro antibiótico, trouxe soluções, mas preocupações sobre mutações bacterianas e uso inadequado já eram conhecidas desde o seu início.
Por fim, enfrentar a crise das superbactérias é uma necessidade global, exigindo ação imediata e cooperação internacional. Com o setor privado em retirada, o setor público e parcerias entre laboratórios públicos, organismos de fomento e iniciativa privada são essenciais para encontrar soluções para essa grave ameaça à saúde pública mundial.