Após seis anos do anúncio do projeto, uma imponente estátua de Nossa Senhora Aparecida finalmente foi inaugurada na cidade de Aparecida, interior de São Paulo, na noite de sábado (7), às vésperas do Dia da Padroeira.
O projeto da estátua, com cerca de 50 metros de comprimento, foi divulgado em 2017, mas enfrentou consideráveis atrasos devido a uma disputa judicial iniciada por uma ação movida pela Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea) – leia mais detalhes abaixo.
Após a construção ter sido interrompida devido às questões judiciais, o projeto foi retomado em 2022 e finalmente inaugurado oficialmente em um evento que contou com a presença do artista plástico responsável pela obra, Gilmar Pinna, de 65 anos.
Apesar da inauguração, o projeto ainda não está completamente finalizado, e diversas etapas adicionais devem ser concluídas ao longo do próximo ano e meio.
“Planejamos adicionar um mapa gigante do Brasil, sustentado por duas mãos divinas. A ideia é representar que nosso país está nas mãos de Deus. Cada mão terá 19 metros, e a escultura terá um total de 50 metros e pesará 60 toneladas”, explicou Pinna, destacando que a obra será visível a até seis quilômetros de distância.
Apesar disso, o local onde a estátua está localizada, no bairro Itaguaçu, já está aberto ao público. Os interessados não precisam pagar para visitar a obra, que está em um espaço aberto e disponível 24 horas por dia.
A cerimônia de inauguração da estátua, feita de aço, também contou com uma exposição chamada “A vida pública de Jesus Cristo”, com o objetivo de lembrar o derramamento de sangue de Jesus.
“Essa exposição estava em São Paulo e agora ficará três meses em Aparecida. Depois irá para outras cidades do Brasil. Queremos incentivar a doação de sangue e de órgãos no país”, explicou o artista.
O custo total da produção da estátua de Nossa Senhora Aparecida foi de aproximadamente R$ 10 milhões. O artista expressou sua satisfação por finalmente ver o projeto concluído: “Estou muito feliz por ainda ter força para não parar e conseguir finalmente inaugurar esse trabalho. Tivemos o bloqueio da justiça, mas que bom que entenderam que a intenção é boa”, afirmou.
Disputa Judicial
A ação movida pela Atea visava a estátua e outras cinco esculturas localizadas em rotatórias da cidade, todas elas com cenas em homenagem à Padroeira. A associação argumentava que o Estado é laico e que a prefeitura não poderia instalar e investir em monumentos que favorecessem uma religião em detrimento de outras.
Inicialmente, a juíza Luciene Bela Ferreira Allemand acatou o pedido em primeira instância, argumentando que a prefeitura não poderia manter o monumento nem investir em obras com conotação religiosa. Isso incluiu não apenas a estátua, mas também as outras cinco esculturas.
No entanto, em março do ano passado, o Tribunal de Justiça revogou a decisão, permitindo a instalação da escultura. O desembargador Ponte Neto argumentou que o turismo religioso é o principal atrativo econômico da cidade e que ao permitir e investir nas obras, a prefeitura contribui para a economia local.
Enquanto a disputa judicial persistia, as partes da estrutura ficaram abandonadas. Até 2019, a prefeitura não tinha um local adequado para a instalação da obra, que acabou sendo deixada amontoada em um terreno, onde começou a enferrujar. Em 2021, o local chegou a ser alvo de vandalismo, com a base da estátua pichada.