O número de crianças e adolescentes com acesso à internet se manteve com certa estabilidade, apresentando um pequeno crescimento em 2023, apontou a pesquisa TIC Kids Online Brasil, do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), que foi divulgada hoje (25).
Segundo esse estudo, 95% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos de todo o país acessam a internet, isso corresponde a mais de 25,1 milhões de pessoas nessa faixa etária. No entanto, a pesquisa também demonstrou que ainda há uma parte desse público que jamais teve acesso à internet. Este número corresponde atualmente a mais de 580 mil pessoas. Em 2022, a população com acesso à internet correspondia a 92% ou aproximadamente 24,4 milhões nessa faixa etária. Por outro lado, os que nunca tiveram acesso à internet correspondiam a 940 mil pessoas.
O estudo apontou ainda que em 24% do total de casos, o primeiro acesso à internet aconteceu antes dos seis anos de idade. No ano de 2015, esse primeiro acesso à internet acontecia em idades mais avançadas. Em resumo, apenas 11% das crianças tinham até seis anos de idade quando acessaram a internet pela primeira vez. Em 2015, a primeira conexão acontecia geralmente aos 10 anos (16%).
“A idade do primeiro acesso foi antecipada”, destacou Luísa Adib, coordenadora da pesquisa TIC Kids Online Brasil. “Vinte e quatro porcento das crianças e adolescentes reportam que acessaram a internet até os seis anos de idade. Isso reflete pouco aumento na conectividade desses indivíduos”, concluiu.
A principal forma com que as crianças e adolescentes acessam a rede é pelo celular, que foi apontado por 97% dos entrevistados. O celular é também a única forma de acesso à internet para 20% desse público. Já a conexão pela televisão teve aumento nos últimos anos, chegando a 70% em 2023. Em 2019, por exemplo, esse tipo de acesso era de apenas 43% dos usuários.
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O uso do computador para acesso à web, por sua vez, manteve-se estável, em 38%, com predomínio entre o público das classes sociais de maior renda (71%). Entre as classes D e E, apenas 15% dizem acessar a rede pelo computador.
“Observamos, ao longo da série histórica, uma queda no acesso online pelo computador, mas há uma diferença muito marcada entre as classes socioeconômicas. As crianças das classes A e B acessam a internet por uma variedade muito maior de dispositivos. E isso pode influenciar sobre o aproveitamento de oportunidades, por exemplo, nas atividades de educação em busca de informação. As crianças que acessam a internet pelo celular e pelo computador realizam todas as atividades investigadas de educação em proporções maiores que aquelas que acessam somente pelo telefone celular. Elas também vão aproveitar mais oportunidades e ter condições de desenvolver mais habilidades digitais”, falou a coordenadora do estudo.
De acordo com ela, essa variedade do uso de dispositivos para entrada na internet, além de questões relacionadas também à disponibilidade de dados e à velocidade e qualidade de conexão são significativos para demonstrar que ainda há muita desigualdade no acesso. “Temos 95% de usuários, quase a totalidade de crianças e adolescentes nessa faixa etária que são usuários, mas não podemos dizer que elas acessam a internet sob as mesmas condições. A universalização do acesso tem muitas barreiras para se cumprir para que haja uma conectividade significativa para todos os usuários”, disse.