A placenta desempenha um papel crucial na conexão entre a mãe e o bebê, facilitando a troca de nutrientes e protegendo a criança contra substâncias eliminadas pelo corpo da mãe.
A prática de ingerir a placenta, conhecida como placentofagia, tornou-se uma tendência que foi adotada por figuras públicas, como as integrantes da família Kardashian e a atriz January Jones. Além da ingestão “in natura,” há relatos de pessoas que a transformam em cápsulas.
Embora a ingestão da placenta seja baseada na crença de que traz benefícios para a saúde da mãe e do bebê, os especialistas enfatizam a falta de evidências que sustentem essas alegações. Além disso, alertam para os riscos de transmissão de doenças associados a essa prática.
Um estudo realizado na Faculdade de Medicina de Northwestern, em Chicago, analisou dez pesquisas recentes sobre o tema e não encontrou evidências de que o consumo de placenta ofereça proteção contra a depressão pós-parto, alivie dores, aumente a energia, auxilie na amamentação, promova a elasticidade da pele, ou fortaleça o vínculo entre mãe e bebê. Além disso, a placenta não é uma fonte comprovada de ferro para a mãe.
A ginecologista e obstetra Mariana Lemos Osiro argumenta que, além da falta de estudos que comprovem os benefícios, as condições de saúde que seriam tratadas pela ingestão de placenta já têm tratamento médico estabelecido. “A gente escuta esse argumento de que melhora na anemia, na produção de ferro na gestante, mas não temos qualquer base científica para isso. E já existe tratamento para essas questões,” enfatizou.
Outra preocupação é que, por ser um tecido biológico como qualquer outro, a placenta irá deteriorar-se rapidamente se não for armazenada de forma adequada, aumentando o risco de infecções para a mãe. A ginecologista obstetra Lígia Mascarenhas resumiu a situação com uma advertência clara: “Não, não comam placenta. Tem muita modinha, mas ela é um tecido e pode transmitir doença.”
Os especialistas também alertam que o risco é ainda maior no caso de mães com doenças infecciosas, como hepatite ou HIV, que podem ser transmitidas por meio da ingestão de placenta.