Vencedor da Palma de Ouro em Cannes no ano passado, o filme “Anatomia de uma Queda” marca a consagração da diretora Justine Triet, que se tornou a terceira mulher na história a receber a honraria máxima do festival da Riviera francesa, seguindo os passos de Jane Campion e Julia Ducournau. No Oscar 2024, Triet é a única mulher na lista de melhor diretor, enquanto outra favorita, Greta Gerwig, de “Barbie”, foi notavelmente ignorada.
O longa, também conhecido pelo nome em inglês, “Anatomy of a Fall”, é estrelado por Sandra Hüller e retrata o julgamento de uma escritora best-seller alemã, que se torna a principal suspeita do suposto assassinato de seu marido, encontrado morto na neve após cair (ou se jogar) pela janela. A única testemunha é o filho do casal, um menino com grave deficiência visual, cujas memórias do dia são cruciais para o desenrolar do processo.
O filme aborda a tentativa da Justiça em proteger o menino da influência da mãe, que é retratada pela mídia como uma figura fria. A escritora, assim como a intérprete, é alemã e prefere se comunicar em inglês, o que gera tensões no tribunal e na mídia, obrigando ambos a falarem francês durante o julgamento. Essa escolha idiomática, dizem os rumores, pode ter influenciado a não seleção do filme como representante da França no Oscar 2024.
A trama mergulha na dissolução das certezas e do maniqueísmo que cercam o caso, sugerindo que lidamos simultaneamente com diversas verdades. “Anatomia de uma Queda” é uma obra que desafia as convenções narrativas, explorando as complexidades da vida e da justiça de maneira provocativa.