Uma startup sediada em Campinas (SP) está revolucionando a forma como os tecidos humanos são utilizados em pesquisas e na indústria. Ao substituir a tinta de uma impressora por uma mistura de células, moléculas e materiais compatíveis com o organismo, a empresa produz tecidos humanos bioimpressos que têm uma ampla gama de aplicações, desde testes na indústria farmacêutica e cosmética até pesquisas em toxicologia, eficácia e segurança.
Atualmente, a startup produz modelos de pele, barreira intestinal e esferoides de fígado, que são utilizados em testes nas indústrias farmacêutica e cosmética. Esses tecidos também são usados por pesquisadores que estudam toxicologia, eficácia e segurança de produtos.
A principal vantagem do uso de tecidos bioimpressos está na possibilidade de redução, substituição e refinamento do uso de cobaias animais, sem prejudicar a eficácia dos testes. Essa abordagem ganhou ainda mais relevância após o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea) proibir o uso de animais vertebrados em pesquisas de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes.
Para produzir a pele, a equipe da startup utiliza células humanas obtidas a partir de tecidos descartados em cirurgias de fimose realizadas em crianças em um hospital de Santa Bárbara d’Oeste (SP). As células são misturadas a uma solução com polímeros biocompatíveis e, em seguida, a bioimpressora 3D cria o tecido, camada por camada, resultando em pequenos discos gelatinosos distribuídos em placas transparentes.
Os desafios atuais incluem a escalabilidade da produção de células e o tamanho dos produtos, bem como adaptações logísticas para o transporte dos tecidos, que devem permanecer estéreis e imóveis durante o transporte.
A startup representa um avanço significativo no campo da biotecnologia e promete revolucionar a forma como os produtos são desenvolvidos e testados, oferecendo alternativas mais éticas e eficazes aos métodos tradicionais.