O número de crianças e adolescentes infectados por dengue aumentou significativamente este ano na região de Piracicaba. De acordo com dados das prefeituras de Piracicaba, Limeira e Santa Bárbara d’Oeste, o número de casos em pacientes de até 14 anos passou de 51 para 185, representando um aumento de 409.8%.
Este aumento não é exclusivo da região e foi constatado em um estudo realizado pela Fiocruz, divulgado recentemente. Segundo o Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância) da instituição, a faixa etária mais afetada pela dengue em 2024 é a dos 10 aos 14 anos. No entanto, crianças de até 5 anos são as mais afetadas pela forma mais grave da doença e têm as maiores taxas de letalidade.
O aumento das internações também é preocupante. Até março deste ano, nove crianças menores de 5 anos foram hospitalizadas devido à dengue, sendo cinco em Piracicaba e quatro em Limeira. Em Limeira, a criança mais velha hospitalizada tem apenas 1 ano.
O doutor Hamilton Bonilha, infectologista do Instituto de Vacinação e Infectologia de Piracicaba, atribui a maior letalidade em crianças pequenas em 2024 a três motivos: sistema imunológico ainda imaturo, dificuldade de diagnóstico devido à maior frequência de outras doenças virais comuns na infância e a provável circulação do sorotipo 2 do vírus, que tem maior propensão a causar casos mais graves de dengue.
Para combater a evolução da doença, Bonilha destaca a importância da vacinação. A Qdenga, vacina produzida pelo Instituto Butantan, é vista como uma ferramenta crucial para conter o aumento dos casos de dengue em todo o Brasil. A vacina contém elementos dos 4 sorotipos num arcabouço do sorotipo 2 atenuado, proporcionando uma maior eficácia contra este sorotipo, que parece se apresentar com maior gravidade.
O estudo da Fiocruz reforça a importância da vacina na luta contra a doença. O levantamento realizado pelo Observatório de Saúde na Infância da Fiocruz/Unifase revelou que a dengue tem atingido com maior gravidade crianças até 5 anos em 2024. O Brasil registrou 52 óbitos de meninos e meninas de até 14 anos até o dia 9 de março, sendo que 44.2% das vítimas tinham menos de 5 anos.
A conscientização dos pais quanto à importância da eliminação dos criadores domiciliares do mosquito, uso de repelentes, roupas de cores claras e adesão à vacinação também é fundamental para combater a dengue e proteger as crianças e adolescentes da região.