Um estudo publicado nesta quinta-feira revelou que as letras das músicas estão se tornando mais simples e repetitivas, e os letristas mais raivosos e autocentrados, nos últimos 40 anos. A pesquisa, realizada por uma equipe de pesquisadores europeus, analisou mais de 12 mil canções em língua inglesa de diversos gêneros, como rap, country, pop, R&B e rock, de 1980 a 2020.
Antes de detalhar como as letras se tornaram mais básicas, o estudo relembra o lendário cantor e compositor Bob Dylan, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura. Eva Zangerle, uma das responsáveis pelo estudo, especialista em sistemas de recomendação da Universidade de Innsbruck, na Áustria, enfatizou que as letras podem ser um “espelho da sociedade”, refletindo como os valores, emoções e preocupações de uma cultura mudam ao longo do tempo.
Segundo Zangerle, ao longo desses 40 anos, houve mudanças significativas na forma como as pessoas ouvem música, desde os discos de vinil e fitas cassete até os CDs e plataformas de streaming atuais. Para o estudo, os pesquisadores analisaram as emoções expressas nas letras, a complexidade vocabular e a repetição de palavras.
Em todos os gêneros analisados, as letras tendem a se tornar mais simples e repetitivas, além de expressarem mais raiva, desgosto ou tristeza. As palavras autocentradas, como “eu” ou “meu”, também se tornaram mais frequentes. O número de versos repetidos aumentou especialmente no rap ao longo das décadas.
Os fãs de rock, ao contrário de outros gêneros, costumam procurar letras de músicas antigas em vez de letras novas, o que pode indicar um olhar nostálgico para o auge do gênero. Além disso, a música mudou na forma como é consumida, com os primeiros segundos sendo decisivos para a decisão de ouvir ou pular uma música. Músicas com mais refrões repetitivos e letras básicas parecem ser mais populares atualmente, provavelmente por serem mais fáceis de memorizar.