O Brasil enfrenta uma crise ambiental sem precedentes, com um número recorde de incêndios florestais registrados nos primeiros quatro meses deste ano. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelam que foram identificados mais de 17 mil focos de incêndio entre janeiro e abril, sendo mais da metade deles na Amazônia.
O aumento significativo das queimadas é atribuído pelos especialistas aos efeitos das mudanças climáticas, que têm agravado as secas em diversas regiões do país. Além disso, o uso de incêndios como técnica para abrir pastagens e áreas para plantação no agronegócio também tem contribuído para esse cenário alarmante.
Os números são preocupantes, representando um aumento de 81% em relação ao mesmo período de 2023. Na Amazônia brasileira, que abriga mais de 60% da maior floresta tropical do planeta, o aumento foi ainda mais expressivo, com um crescimento de 153% em relação ao ano passado.
Entre os estados da Amazônia Legal, Roraima e Mato Grosso lideram os números de incêndios, seguidos por Pará, Maranhão, Tocantins, Amazonas, Rondônia, Acre e Amapá. Além da Amazônia, o cerrado também foi duramente afetado, com um crescimento de 43% nos casos de incêndio.
Embora o governo anterior tenha conseguido reduzir pela metade o desmatamento na Amazônia em 2023, os incêndios continuam sendo uma ameaça. A intensificação dos incêndios é resultado da combinação da mudança climática com um dos El Niños mais fortes da história, causando estiagens prolongadas na região.
Diante desse cenário, especialistas alertam para a necessidade urgente de medidas de prevenção e controle por parte do governo, incluindo uma ampla mobilização da União e dos governos estaduais. A persistência da greve em órgãos ambientais, como o Ibama, agrava ainda mais a situação, comprometendo os esforços para conter os incêndios e proteger o meio ambiente.