Os preços do etanol hidratado e do açúcar cristal registraram altas na primeira quinzena de junho deste ano, conforme levantamento realizado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da USP em Piracicaba (SP). Entre os dias 10 e 14 de junho de 2024, o volume de etanol hidratado negociado por usinas paulistas cresceu 15%, refletindo em um aumento de 1,37% no Indicador Cepea/Esalq, que fechou em R$ 2,3378/litro. Para o anidro, houve um aumento de 0,65%, com o valor atingindo R$ 2,6340/litro.
Segundo o Cepea, os agentes das usinas mantiveram firmeza nos valores de negociação, especialmente devido às cotações favoráveis do açúcar no mercado externo. Do lado da demanda, distribuidoras realizaram compras mais volumosas, especialmente no início do período analisado.
No mercado do açúcar cristal branco, as cotações também apresentaram elevação, alcançando até 1,18% de aumento durante a colheita e moagem da safra 2024/25. O Indicador Cepea/Esalq cor Icumsa de 130 a 180 registrou um preço médio de R$ 136,65 por saca de 50 quilos entre os dias 10 e 14 de junho. A desvalorização do Real frente ao dólar foi citada como um dos fatores impulsionadores dessas altas, tornando as exportações mais atrativas para as usinas brasileiras.
A onda de calor intensa registrada na região de Piracicaba entre o final de abril e a primeira quinzena de maio também teve impacto significativo na safra de cana-de-açúcar. Especialistas destacam que, embora tenha proporcionado condições favoráveis para a colheita, essa condição climática pode ter afetado a produtividade das lavouras, especialmente no que diz respeito à qualidade e ao rendimento da cana-de-açúcar.
“Frente à seca intensa e às altas temperaturas, a produção de etanol e açúcar pode ser comprometida para a safra 24/25. Por outro lado, a atual fase de colheita beneficia a qualidade da cana já em processo de moagem”, explica Fábio Marim, professor e pesquisador em agrometeorologia e modelagem agrícola da USP em Piracicaba.
Arnaldo Antonio Bortoletto, vice-presidente da Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana), enfatiza que o clima seco é positivo para a continuidade da colheita, mas ressalta que a falta prolongada de chuvas pode prejudicar o desenvolvimento futuro das lavouras.
“O cenário ideal seria chuvas parciais para garantir uma boa brotação para a cana-de-açúcar de 18 meses. No entanto, se a estiagem persistir, pode haver impactos negativos na produtividade e no rendimento das plantações”, alerta Bortoletto.
Em relação aos combustíveis derivados da cana-de-açúcar, Bortoletto menciona que a oferta de etanol de milho tem compensado a menor produção de etanol de cana, mantendo o equilíbrio no mercado interno. Quanto à possibilidade de falta de etanol, ele tranquiliza: “Atualmente não há essa perspectiva, mas é importante monitorar as condições climáticas e a continuidade da safra para mitigar riscos futuros”.
A situação econômica e climática continua sendo acompanhada de perto pelos produtores e especialistas da região de Piracicaba, que esperam condições favoráveis para a continuidade da safra e estabilidade nos preços dos produtos agrícolas nos próximos meses.