Cornélio Pires, um nome essencial na história cultural brasileira, foi um verdadeiro pioneiro que moldou o sertanejo e influenciou diversas formas de arte. Nascido em Tietê, interior de São Paulo, em 13 de julho de 1884, Pires não apenas ajudou a registrar a primeira música sertaneja do Brasil em 1929, mas também deixou um legado duradouro em literatura, teatro, cinema e humor.
A Jornada de um Visionário
Desde jovem, Pires teve um contato precoce com a escrita como aprendiz na tipografia do jornal “O Tietê”. Aos 17 anos, mudou-se para São Paulo, onde se envolveu com o jornalismo e a literatura. Seus primeiros sucessos como escritor em jornais paulistanos rapidamente o levaram a explorar outras áreas. A partir daí, ele mergulhou na criação de roteiros de peças teatrais, onde o humor, um de seus traços distintivos, se destacou. Ele se apresentava em diversos locais, antecipando o formato de stand-up comedy que viria a ser popular mais tarde.
Uma Alma Inquieta e Multimídia
Cornélio Pires não se limitou apenas à literatura e teatro; ele também se aventurou no cinema. Adaptou suas peças teatrais para a tela e assinou diversos filmes, mostrando uma versatilidade e inovação que o caracterizavam como um artista verdadeiramente multimídia. Pedro Massa, presidente do Instituto Cultural Cornélio Pires, descreve Pires como um artista pioneiro, destacando seu papel como o primeiro a registrar a poesia dialetal na literatura brasileira e a criar um formato independente de cinema falado.
O Legado Musical
Embora tenha se adaptado rapidamente à vida urbana, Cornélio nunca abandonou suas raízes caipiras. Em São Paulo, ele começou a se envolver com a cultura caipira e formou a “Turma Caipira do Cornélio Pires”, buscando dar profissionalismo à música popular do interior. Sua composição “Jorginho do Sertão” foi um marco, e ele financiou pessoalmente o registro do disco na Columbia, tornando-se responsável por gravar a primeira música caipira do Brasil.
Em 1929, em um período de crescente influência estrangeira na cultura brasileira, Pires sentiu a necessidade de preservar e promover a música nacional. Ele percebeu que o Brasil estava imerso em gostos literários e musicais europeus, com uma forte presença de tango nas rádios. Como resposta, ele trouxe a tradição da cultura caipira para o disco, destacando-se por seu compromisso com a autenticidade cultural.
Reconhecimento e Legado
Cornélio Pires faleceu em 17 de janeiro de 1958, mas seu impacto permanece. O Instituto Cultural Cornélio Pires, liderado por Pedro Massa, mantém viva a memória de Pires através de exposições e relançamentos de suas obras. O pesquisador Walter de Souza elogia a fidelidade de Pires à cultura caipira e sua coragem em desafiar as expectativas familiares para se dedicar à arte popular.
Cornélio Pires não foi apenas um pioneiro na música sertaneja; ele foi um inovador cultural que deixou um legado que transcende várias formas de arte e continua a influenciar a cultura brasileira até hoje.