A onda de incêndios que devastou o interior do estado de São Paulo nas últimas semanas agravou a crise nas lavouras de cana-de-açúcar, que já enfrentavam perdas significativas devido à seca prolongada. O fogo não apenas destruiu a cana que estava pronta para a colheita nesta safra, como também comprometeu as rebrotas que seriam essenciais para a próxima colheita.
O CEO da Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), José Guilherme Nogueira, e o analista de cana-de-açúcar da Safras e Mercados, Maurício Muruci, alertam que as perdas vão elevar o custo de renovação das plantações e reduzir a produtividade. Essa situação pode refletir diretamente nos preços do açúcar e do etanol. “Queimar cana é queimar dinheiro”, afirma Nogueira.
A seca que afeta a região deve continuar até setembro, o que pode agravar ainda mais a queda na produção de cana em São Paulo, o principal estado produtor no Brasil. Além da cana, a onda de incêndios causou estragos em plantações de frutas, seringueiras e até mesmo em criações de animais, como bois e vacas. Estima-se que 3.837 propriedades rurais foram atingidas em 144 municípios paulistas, resultando em perdas de R$ 1 bilhão para a agricultura e pecuária.
Incêndios e Crise Humanitária
A situação é ainda mais grave devido ao impacto humano. No final de semana, 48 municípios no interior de São Paulo entraram em alerta máximo para queimadas. O fogo resultou em duas mortes e forçou mais de 800 pessoas a abandonar suas casas. Além disso, cinco suspeitos foram presos em conexão com os incêndios.
O Futuro das Lavouras e dos Preços
A continuidade da seca e a recente onda de incêndios indicam um cenário desafiador para o setor agrícola. Com a previsão de que as condições climáticas adversas persistam, o setor agroindustrial deve se preparar para um período de escassez e aumento nos custos de produção.
A devastação não apenas representa um desafio econômico imediato para os produtores de cana, mas também coloca em risco o equilíbrio do mercado de açúcar e etanol, essenciais para a economia nacional. A recuperação da produção será crucial para mitigar o impacto sobre os preços e garantir a estabilidade do setor a longo prazo.