Recentemente, a ozonioterapia tem atraído atenção tanto do público quanto da mídia como um método complementar a diversos tratamentos médicos. Embora a técnica, que envolve a aplicação de ozônio medicinal para tratar várias condições de saúde, tenha uma longa história, seu uso ainda gera debates e controvérsias devido à falta de comprovação científica robusta e a potenciais riscos associados.
O que é a Ozonioterapia?
A ozonioterapia utiliza uma mistura de ozônio e oxigênio puro para tratar doenças, melhorar a oxigenação dos tecidos e fortalecer o sistema imunológico. O ozônio foi descoberto em 1840 e, desde então, a técnica evoluiu, sendo usada de forma experimental no Brasil desde 1980. A aplicação do ozônio pode ocorrer de várias formas, incluindo aplicação cutânea, bucal, retal, injeção subcutânea e auto-hemoterapia, que envolve misturar o sangue do paciente com ozônio e reinseri-lo no corpo.
Benefícios Potenciais e Controvérsias
Apesar das promessas, como melhorar a imunidade, circulação sanguínea, e controlar inflamações, a ozonioterapia ainda carece de evidências científicas sólidas para comprovar sua eficácia e segurança. A técnica é regulamentada no Brasil apenas para algumas áreas específicas, como odontologia e estética, mas continua sendo considerada experimental pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
De acordo com o dr. Raoni Imada Tibiriça, médico intensivista da Beneficência Portuguesa, “a ozonioterapia, embora estudada há muito tempo, ainda não possui evidências científicas robustas para sua utilização. A técnica deve ser utilizada com cautela e nunca como substituto para terapias convencionais.”
Posicionamentos e Regulação
O Ministério da Saúde incluiu a ozonioterapia na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do Sistema Único de Saúde (SUS) em 2018, mas o CFM e a Anvisa ainda a consideram experimental, limitando seu uso e destacando a falta de estudos conclusivos sobre sua segurança e eficácia. A Associação Médica Brasileira e a Sociedade Brasileira de Reumatologia também se posicionaram contra o uso da ozonioterapia devido à falta de comprovação científica.
Riscos e Efeitos Colaterais
Os riscos associados à ozonioterapia incluem possíveis problemas cardíacos, irritações nas mucosas e efeitos adversos mais graves, como lesões na pele e problemas respiratórios. Em casos extremos, a inalação de ozônio pode ser fatal, especialmente em pessoas com condições pré-existentes como hipertensão e diabetes. O dr. Nelson Bruni, professor da Universidade Santo Amaro (Unisa), considera a ozonioterapia uma “pseudoterapia” que pode causar danos agudos e crônicos.
Considerações Finais
Embora a ozonioterapia possa parecer promissora para algumas condições de saúde, é essencial que pacientes e profissionais de saúde adotem uma abordagem cautelosa e fundamentada. A falta de evidências científicas robustas e os potenciais riscos associados destacam a necessidade de mais pesquisas e regulamentações antes que a técnica possa ser amplamente aceita e recomendada.
Para quem está considerando a ozonioterapia, é crucial buscar orientação médica e não substituir tratamentos comprovados por métodos experimentais sem o devido respaldo científico.