A chegada da primavera está a apenas dez dias, mas o cenário para os produtores e comerciantes de flores não é tão promissor quanto o esperado. Com o aumento das temperaturas e o tempo seco, as plantas estão murchando mais rapidamente, forçando o setor a se adaptar para lidar com a demanda crescente.
De acordo com representantes do mercado de flores na Ceasa, em Campinas (SP), a combinação de calor intenso e a necessidade de rega frequente tem causado problemas significativos na produção. A elevação das temperaturas está acelerando o ciclo de vida das plantas e provocando a abertura prematura das flores, resultando em um aumento no desperdício. Muitas plantas ainda embaladas estão sendo descartadas no mercado.
Nilson Longhi, vendedor de flores, observa que a escolha de flores mais resistentes tem sido uma solução para enfrentar as altas temperaturas. “Optamos por flores que durem um pouco mais devido ao calor”, afirma. Carlos Alberto Marangon, gerente geral de produção, explica que o aumento na rega pode ter o efeito oposto ao desejado. “Muita umidade pode causar doenças nas folhas e deteriorar as flores com mais rapidez”, alerta.
Para lidar com esses desafios, uma feira de produtores em Holambra, que ocorre nesta quinta-feira (12) e sexta-feira (13), visa vender antecipadamente de 60% a 95% da produção para o mercado atacadista. A antecipação permite aos produtores garantir a venda da produção antes da colheita e aos atacadistas assegurar produtos e preços para datas especiais.
Durante a feira, o professor e consultor de tendências Hélio Junqueira apresentou inovações para o mercado. Entre as novidades estão a Sunpatiens, uma versão aprimorada da “Maria Sem-vergonha”, e a Begônia Viking Red on Chocolate, conhecida por sua resistência ao clima adverso. Junqueira também destacou a Aspidistra, uma planta resistente que foi valorizada na Inglaterra Vitoriana por sua capacidade de sobreviver em ambientes internos.
Enquanto o varejo se prepara para a primavera, a produção já se adianta para atender a demandas futuras, como finados, Natal e réveillon. Em Mogi Mirim, uma unidade de produção está expandindo suas instalações com uma estufa climatizada para manter as flores em condições ideais. O gerente de produção, Marangon, enfatiza a importância de preservar as plantas até a entrega para o consumidor, evitando comprometer a produção futura.
O setor de flores enfrenta um cenário desafiador, mas as inovações e estratégias adotadas buscam minimizar os impactos e garantir a qualidade dos produtos para as próximas estações e datas comemorativas.