Após um longo período de tempo seco e baixa umidade do ar, a região de Piracicaba está prestes a enfrentar uma nova mudança climática. A partir deste domingo (15), a chegada de uma frente fria que avança pelo interior de São Paulo pode provocar o que está sendo chamado de “chuva preta” devido à combinação de nuvens carregadas com fuligem das queimadas recentes.
Fenômeno Curioso, Mas Sem Preocupações
O fenômeno da “chuva preta” ocorre quando a fumaça e a fuligem das queimadas se misturam com as nuvens de chuva, resultando em uma água de coloração escura. Segundo o professor Fábio Marin, do Departamento de Engenharia de Biossistemas da Esalq, campus da USP em Piracicaba, a chuva preta não representa um risco significativo para a saúde pública. “É apenas devido à fuligem no céu. Não é alarmante, mas essa água não é potável”, esclareceu Marin.
Bruno Bainy, pesquisador do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas da Unicamp (Cepagri), acrescenta que, tecnicamente, o fenômeno da chuva preta não faz parte das previsões meteorológicas formais. “É mais uma curiosidade que ilustra a gravidade das queimadas, especialmente em áreas amplas como o Cerrado, Pantanal e Amazônia”, explicou Bainy. A circulação dos ventos paralelos à Cordilheira dos Andes pode transportar fuligem a grandes distâncias, intensificando o fenômeno com a chegada da frente fria.
Alerta de Vendaval
Além do possível fenômeno da chuva preta, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta amarelo de perigo potencial para vendaval em Piracicaba e em várias outras cidades do interior paulista. O alerta, que vale até o final da noite deste sábado (14), prevê ventos entre 40 km/h e 60 km/h, com risco de queda de galhos de árvores. A população deve tomar precauções, evitando abrigar-se debaixo de árvores e estacionar veículos próximos a torres de transmissão e placas de propaganda. Para mais informações, é possível contatar a Defesa Civil (telefone 199) e o Corpo de Bombeiros (telefone 193).
Impacto das Queimadas
Entre o final de agosto e as duas primeiras semanas de setembro, cerca de 2.171 hectares de áreas de pastagem, cana-de-açúcar e vegetação foram atingidos por incêndios em Piracicaba, o que equivale a aproximadamente 2 mil campos de futebol. As queimadas têm sido intensas e recorrentes, com agosto marcando o pior mês em termos de número de incêndios no Brasil em uma década, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Compreendendo a Chuva Preta
A chuva preta é caracterizada pela presença de partículas de fuligem na água da chuva, que se tornam visíveis devido às queimadas. Embora não seja necessariamente ácida, como a chuva ácida, a fuligem não altera a acidez da água, mas pode afetar a qualidade da água em termos de potabilidade.
Para mais detalhes sobre a formação da chuva preta e seus possíveis impactos, consulte o infográfico disponível ao final da reportagem.