Uma investigação de lavagem de dinheiro no interior de São Paulo revelou uma descoberta chocante: uma coleção de animais selvagens exóticos mantidos de forma irregular. A Polícia Federal apreendeu, esta semana, uma impressionante coleção de animais, armas e dinheiro na residência do empresário Arthur Rondini, em São José do Rio Preto (SP).
A operação foi desencadeada a partir de uma investigação sobre um esquema bilionário de lavagem de dinheiro, que envolvia o garimpo ilegal de ouro no Mato Grosso e no Pará. O delegado Gustavo Gomes, da Polícia Federal, revelou que, em cinco anos, o grupo criminoso movimentou R$ 3 bilhões, com Rondini sendo o principal articulador do esquema.
Durante a operação, foram encontrados R$ 73 mil em dinheiro, mais de 1,5 kg de ouro, e um arsenal que inclui quatro fuzis, uma espingarda, duas pistolas e dois revólveres. A Justiça bloqueou bens e valores no montante de até R$ 1,3 bilhão.
Além do dinheiro e das armas, os investigadores encontraram na casa de Rondini uma coleção de animais selvagens, incluindo antílopes, búfalos, um hipopótamo e uma girafa, muitos dos quais estavam sem a documentação necessária. O analista ambiental do Ibama, João Alvarez de Sá, confirmou que os animais foram caçados na África e trazidos ao Brasil, onde foram empalhados e exibidos na residência do empresário.
“Os animais foram caçados por ele. A documentação estava em falta para a maioria”, explicou Sá. Os sete animais que estavam legalizados, como o hipopótamo e o leão, também foram apreendidos como parte do bloqueio de bens, e o empresário não poderá vendê-los ou retirá-los do imóvel.
A investigação revelou que Arthur Rondini praticava a chamada “caça enlatada”, onde os animais são mantidos em ambientes controlados e depois caçados em áreas fechadas. Embora a caça seja permitida na África para espécies não ameaçadas, a importação de peles e carcaças para o Brasil requer autorização do Ibama.
De acordo com o delegado, o esquema de lavagem de dinheiro financiava as viagens e a taxidermia dos animais, um procedimento que pode custar mais de R$ 100 mil por animal. A Polícia Federal e o Ibama agora enfrentam o desafio de determinar a legalidade das peles e carcaças e considerar a destinação dos bens apreendidos, que podem ser leiloados para recuperar valores para os cofres públicos.
Os advogados de Arthur Rondini alegam que ele é inocente das acusações de lavagem de dinheiro e que suas armas estão regularizadas. Eles afirmam também que os animais taxidermizados foram legalmente importados. Contudo, a ausência de documentação adequada para a maioria dos animais pode levar a novas investigações e a possíveis processos por contrabando.
A investigação continua, e a destinação dos bens apreendidos, incluindo os animais, está sendo discutida pelas autoridades.