Os incêndios florestais que estão a consumir as regiões Norte e Centro de Portugal desde domingo têm provocado um agravamento significativo da qualidade do ar. Nesta terça-feira, moradores das áreas mais afetadas relatam a presença de nuvens de fumo e mantos escuros, laranja e amarelos cobrindo o céu. O elevado nível de partículas em suspensão tem levado a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil a aconselhar a população a adotar medidas especiais para reduzir a exposição ao ar exterior.
O professor António Jorge Ferreira, da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, explicou ao PÚBLICO que a principal preocupação são as partículas finas conhecidas como PM2,5 e PM10. Estas partículas, com diâmetros inferiores a 2,5 e 10 micrômetros, respectivamente, são suficientemente pequenas para penetrar no sistema respiratório e cardiovascular, representando um risco grave para a saúde.
Ferreira destaca que, em Coimbra, os níveis de matéria particulada estão muito acima do habitual, especialmente nas últimas horas. As partículas podem ter diversas origens, incluindo combustão industrial, incêndios florestais e até poeira transportada por massas de ar. A exposição excessiva a essas partículas pode causar danos agudos e crônicos à saúde, incluindo problemas respiratórios e cardiovasculares.
A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) confirmou que, nas regiões afetadas, a concentração de partículas no ar está muito acima dos limites recomendados pela Organização Mundial da Saúde. Em resposta, as autoridades recomendam a diminuição da exposição ao ar exterior e a adoção de precauções adicionais.
Para se proteger, as autoridades aconselham:
- Permanecer em casa com portas e janelas fechadas e, se possível, usar ar condicionado com recirculação de ar.
- Evitar o uso de fontes de combustão internas, como aparelhos a gás, tabaco e velas.
- Reduzir atividades ao ar livre e utilizar máscaras N95 quando a exposição ao fumo não puder ser evitada.
- Manter a medicação habitual, especialmente para aqueles com condições respiratórias como asma ou DPOC, e seguir as orientações médicas em caso de agravamento dos sintomas.
- Manter-se hidratado e fresco.
As populações mais vulneráveis são particularmente afetadas, com um aumento no número de consultas médicas devido a exacerbações de doenças respiratórias e cardiovasculares. A qualidade do ar deverá continuar deteriorada durante algum tempo, e é essencial que os cidadãos permaneçam informados através dos canais de organismos como a Direção-Geral da Saúde e a Ordem dos Médicos.