O deserto do Saara, conhecido por suas condições extremas de aridez, está apresentando um fenômeno surpreendente: aumento da vegetação. Imagens de satélite da NASA mostram que, após chuvas intensas em setembro, a vegetação na região se expandiu significativamente.
Essas chuvas inesperadas não afetaram apenas o Saara, mas boa parte do Norte da África, resultando em volumes de água até cinco vezes superiores à média em áreas que tradicionalmente são consideradas as mais secas da Terra. No entanto, a intensidade das chuvas também trouxe desastres, afetando quase 4 milhões de pessoas em 14 países, com perdas de vidas e desalojamentos.
Meteorologistas atribuem essa anomalia climática, em grande parte, ao deslocamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). Essa zona, caracterizada pelo encontro de ventos na região equatorial, deslocou-se mais ao norte do que o normal, levando tempestades para o sul do Saara.
Ainda não está claro o que provocou esse movimento da ZCIT, mas especialistas sugerem dois possíveis fatores: a transição de El Niño para La Niña, que resfria os oceanos, e o aquecimento global, que faz a ZCIT se mover mais ao norte em ambientes mais quentes.
Como resultado das chuvas, algumas áreas do deserto estão apresentando um nível de umidade duas vezes superior ao esperado. Um evento marcante ocorreu entre 7 e 8 de setembro, quando um ciclone extratropical inundou grandes áreas do noroeste do Saara. Imagens da NASA capturaram o acúmulo de água, revelando a formação de vários lagos na região desértica.
De acordo com a agência espacial, as análises indicam que, neste período, as chuvas superaram os 200 milímetros que são esperados para o deserto do Saara em um ano inteiro. Esse cenário inusitado destaca as complexas interações entre clima e ecossistemas em uma das áreas mais inóspitas do planeta.