O sistema integrado de reservatórios que abastece a Região Metropolitana de São Paulo estava, na última quinta-feira (26), com 49,9% de sua capacidade total. Esse índice é inferior aos 52,5% registrados na mesma data em 2013, ano que precedeu a crise hídrica da última década.
De acordo com a Sabesp, a empresa responsável pela gestão dos recursos hídricos no estado, a atual situação é resultado da severa seca que atinge várias regiões do Brasil. Embora não haja desabastecimento imediato, a companhia reforça a importância do uso consciente da água durante todo o ano.
“Não estamos em uma situação confortável. O cenário é preocupante”, avaliou Ana Paula Fracalanza, professora do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP). Dentre os quatro maiores reservatórios do sistema, apenas o Cantareira apresenta volume acima do registrado antes da crise hídrica. No entanto, ele ainda se classifica na faixa de “atenção”, com um volume entre 40% e 60%, segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
Embora tenha havido um período de normalidade hídrica entre março de 2023 e fevereiro de 2024, graças a chuvas abundantes, o Cantareira enfrenta seca hidrológica crítica desde 2012. O relatório do Cemaden aponta que o reservatório recebeu apenas 42% da chuva esperada entre abril e agosto, período de estiagem em São Paulo.
Se o cenário de escassez de chuvas se repetir como em 2014, as projeções indicam que o Cantareira pode chegar ao final do período chuvoso, em março de 2025, com apenas 29% de sua capacidade, já na faixa de “restrição”. Para os próximos três meses, o prognóstico do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) aponta chuvas abaixo da média histórica para a primavera.
A professora Fracalanza adverte que, dado o caráter integrado do sistema, a situação de outros reservatórios e a falta de perspectivas de chuvas significativas podem tornar o desabastecimento uma realidade. “Caso isso aconteça, as pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica serão as mais afetadas”, concluiu.