Um novo estudo publicado na revista iScience sugere que os golfinhos nariz-de-garrafa podem utilizar expressões de boca aberta, comparáveis a um “sorriso”, enquanto brincam uns com os outros. A pesquisa foi conduzida por cientistas de instituições na Itália e na França, que observaram o comportamento de 22 golfinhos em ambientes controlados, como o Zoomarine Roma e o Planète Sauvage, na França.
Os pesquisadores notaram que os golfinhos exibiam essa expressão quase sempre que estavam visíveis para seus companheiros de brincadeira, e a reciprocidade era observada em um terço das interações. Essa dinâmica sugere que a expressão pode funcionar como uma forma de comunicação, ajudando a evitar mal-entendidos que poderiam transformar brincadeiras em conflitos.
Heather Hill, especialista em comunicação de golfinhos e professora de psicologia na St. Mary’s University, ressalta, no entanto, que, embora a expressão se assemelhe a um sorriso humano, não se deve apressar em concluir que se trata do mesmo tipo de emoção. Hill enfatiza que os golfinhos também utilizam a boca aberta em contextos diversos, incluindo atos agressivos e brincadeiras, e sugere que essas interações podem ser vistas como uma troca de sinais para indicar sintonia entre os indivíduos.
O estudo, que é o primeiro a investigar as expressões faciais dos golfinhos durante a brincadeira, revelou que 92% das expressões de boca aberta ocorreram durante interações lúdicas entre eles, ao invés de com humanos ou em momentos de descanso. Os pesquisadores não observaram a expressão em interações agressivas ou atividades mais tranquilas, como nadar em paralelo.
Além disso, o estudo destacou a importância da comunicação vocal dos golfinhos durante as brincadeiras, sugerindo que este aspecto pode ser um foco para investigações futuras. Os golfinhos possuem um dos sistemas vocais mais complexos do reino animal, e a combinação de sinais visuais e vocais pode facilitar a cooperação durante a interação social, especialmente quando estão menos alertas a predadores.
Embora todos os golfinhos observados vivam em cativeiro, Hill acredita que o comportamento de “sorriso” pode também ocorrer na natureza, embora com menor frequência devido às demandas de busca por alimento e evasão de predadores. A especialista sugere que estudos futuros deveriam aplicar a mesma metodologia em populações selvagens para compreender melhor essas interações.