Uma pesquisa recente destacou o Brasil como o quarto país mais estressado do mundo, segundo relatório divulgado na última segunda-feira (14). O estresse, reconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um estado de preocupação ou tensão mental, tem gerado preocupação não apenas por seus efeitos na saúde física e mental, mas também pela possibilidade de contágio entre seres vivos, incluindo os humanos.
Pesquisas indicam que o estresse pode ser transmitido de várias formas. Um estudo de 2018, realizado com camundongos e publicado na revista “Nature Neuroscience”, demonstrou que animais que não foram submetidos a situações estressantes apresentaram reações neurais semelhantes àquelas dos que passaram por estresse, produzindo hormônios relacionados ao estresse. Esse fenômeno sugere que a transmissão de estresse pode ocorrer mesmo sem contato direto.
Em humanos, uma revisão publicada na “Psychoneuroendocrinology” em 2019 evidenciou que a transmissão fisiológica do estresse ocorre em grupos que convivem de perto. A ativação de processos neurobiológicos pode aumentar os níveis de cortisol entre os indivíduos, indicando que as emoções podem ser contagiosas. A neurocientista Ana Carolina Souza explica que, como seres sociais, estamos constantemente processando informações emocionais de nossos pares, o que pode ajudar a identificar riscos e adotar comportamentos adaptativos.
Ambientes familiares e profissionais são contextos comuns para a transmissão do estresse. A psicóloga Amanda Rangel observa que um líder estressado pode impactar toda a equipe de trabalho, criando um ciclo de ansiedade e baixa produtividade. O estresse parental, por sua vez, pode afetar o desenvolvimento emocional de crianças, tornando-as mais vulneráveis.
Embora o estresse não se propague como uma epidemia viral, Rangel argumenta que, na era moderna, é possível falar em uma “epidemia de estresse”. Fatores como hiperconectividade digital, insegurança financeira e crises globais contribuem para a ampliação desse fenômeno, criando um ciclo vicioso de contágio emocional que impacta grandes grupos sociais.
Para mitigar os efeitos do estresse, especialistas recomendam algumas práticas, como identificar e regular as emoções, desenvolver empatia, meditar, manter uma rede de suporte e criar um ambiente de trabalho colaborativo. Além disso, pausas regulares e a busca por atividades prazerosas são fundamentais para o bem-estar.
O crescente reconhecimento do estresse como um problema coletivo reforça a necessidade de estratégias de enfrentamento eficazes para garantir a saúde mental e emocional da população.