A Agência Espacial Europeia (ESA) divulgou a primeira parte do ambicioso mapa tridimensional do Universo, elaborado com o telescópio espacial Euclides. Este primeiro vislumbre já revela a impressionante presença de 100 milhões de estrelas e galáxias, correspondendo a apenas 1% do projeto que começou neste ano.
O telescópio está observando galáxias e estrelas a distâncias de até 10 bilhões de anos-luz. Ao longo de seis anos, os cientistas da ESA planejam mapear um terço da abóbada celeste, oferecendo dados valiosos sobre a formação e a evolução do cosmos. “Só nesta imagem já existem dezenas de milhões de galáxias, o que nos permitirá obter estatísticas sobre suas posições e evolução ao longo do tempo,” afirmou Bruno Altieri, cientista responsável pelo arquivo do Euclides.
O primeiro fragmento do mapa cobre uma área de 132 graus quadrados do céu austral, equivalente a aproximadamente 500 vezes a superfície aparente da Lua. Essa etapa inicial é considerada um “grande quebra-cabeça do Universo”, onde as peças serão progressivamente adicionadas nos próximos anos.
Valeria Pettorino, cientista do Projeto Euclides, destacou que a imagem está repleta de fontes que ajudarão os pesquisadores a descrever melhor o Universo. Um dos destaques do mapa é uma faixa preta pontilhada com pontos brilhantes, envolvendo “nuvens” azuis, conhecidas como “cirros galácticos”, que são formadas por poeira e gás onde novas estrelas se originam.
Com uma resolução excepcional de 208 megapixels, o mapa permite aos cientistas ampliar a visualização, revelando a complexa estrutura de galáxias espirais e interações galácticas. O Euclides se destaca por seu amplo campo de visão, cobrindo uma grande parte do espaço em uma única imagem, em contraste com o Telescópio Espacial James Webb, que possui um campo de visão menor, mas capacidade de observar mais longe.
Além de criar um mapa detalhado, o projeto visa elucidar um dos maiores mistérios da ciência: a matéria escura e a energia escura, que compõem 95% do Universo. O Euclides permitirá medições precisas da distribuição das galáxias e da expansão do Universo, refinando os modelos teóricos que buscam entender melhor o cosmos.