Após um período de queda nas cotações em agosto devido a queimadas em canaviais, especialmente no interior de São Paulo, os preços do etanol hidratado e anidro apresentam uma tendência de alta desde o início de outubro. Pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP) em Piracicaba, destacam que as usinas estão atentas ao potencial aumento da demanda.
Entre os dias 14 e 18 de outubro, o Indicador Cepea/Esalq do etanol hidratado fechou a R$ 2,51 por litro, o que representa uma elevação de 1,43% em relação à semana anterior. Para o etanol anidro, o aumento foi de 4,62%, com o indicador a R$ 2,88 por litro. “O suporte para esses aumentos vem da postura firme de muitas usinas, que estão observando o encerramento da moagem e a possibilidade de um aquecimento na demanda nos últimos meses do ano, uma tendência típica para o período”, afirmam os pesquisadores.
Os números também refletem um bom desempenho no mercado: na última semana, o volume de etanol comercializado no mercado spot de São Paulo foi o terceiro maior da safra 2024/25. Entre 7 e 11 de outubro, o preço do etanol hidratado fechou em R$ 2,5159 por litro, um avanço de 2,31% em relação à semana anterior. O anidro registrou uma alta mais modesta de 0,54%, com o indicador a R$ 2,75 por litro.
A pesquisa do Cepea revela que distribuidoras de diversos portes aumentaram suas aquisições, e os vendedores permanecem otimistas quanto aos próximos meses. A proximidade do fim das atividades de campo e indústria, além de uma menor pressão de tancagem, favorecem os preços. Além disso, a diferença entre os preços dos combustíveis nas bombas nos principais estados consumidores da região Centro-Sul mantém os valores nas usinas.
Em contraste, setembro apresentou um cenário desafiador, com a procura por etanol hidratado atingindo o menor volume comercializado por usinas paulistas na temporada 2024/25. Os preços caíram, refletindo uma demanda reduzida, que se agravou por queimadas e condições climáticas adversas.
O Cepea alerta que a safra de cana-de-açúcar 2024/25 enfrenta incertezas quanto ao volume a ser processado e à produção de açúcar e etanol, impactadas por secas e incêndios que afetaram as plantações. Os especialistas continuam monitorando a situação com cautela, dado que as queimadas e o clima seco têm gerado preocupações sobre o volume e a qualidade da cana para o próximo ciclo.