A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou na terça-feira (12) um projeto de lei que proíbe o uso de celulares na escola pública e privada do estado. Com a aprovação, a proposta segue para a sanção do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Caso seja sancionada, São Paulo será o primeiro estado a instituir tal medida. A mudança visa combater a distração e melhorar a convivência entre alunos, além de contribuir para o foco nas atividades pedagógicas.
Projeto de Lei e adaptação nas escolas
De autoria da deputada estadual Marina Helou (Rede), com o apoio de outros 40 parlamentares, a proposta restringe o uso de qualquer aparelho eletrônico com acesso à internet durante as aulas, incluindo os intervalos. A medida segue uma tendência já aplicada em algumas escolas particulares, como em uma unidade de Campinas (SP), onde a prática tem mostrado resultados positivos, apesar de alguma resistência inicial por parte dos alunos.
Na escola de Campinas, por exemplo, a medida de recolher os celulares já foi implementada. “Num primeiro momento, os alunos resistem, mas logo percebem os benefícios”, afirma o professor Samuel Matias. Ele explica que, ao retirarem o celular de circulação, os alunos se tornam mais concentrados nas aulas, melhoram a interação social e a convivência com os colegas.
Benefícios para a convivência e aprendizado
Embora a medida tenha causado desconforto nos primeiros momentos, professores e alunos apontam que, com o tempo, as relações interpessoais melhoraram. O estudante Mateus Alonso destacou que, sem os celulares, os alunos se divertem mais e interagem com maior frequência durante os intervalos, seja em atividades de lazer como jogos de truco, ping-pong ou futmesa, ou em conversas informais no refeitório. João Vitor Giorgetto, outro aluno, confirma que as relações sociais se tornam mais fortes e produtivas sem a distração dos aparelhos.
Daniela Moreira, empresária e mãe de um aluno, também aprovou a mudança. “A escola é um momento para as crianças sociabilizarem e desenvolverem outras habilidades. Se o aluno está com o celular, acaba deixando de lado a interação e o desenvolvimento dessas competências”, afirmou.
Especialistas apoiam a proibição
A especialista em educação Dora Megid, que defende um uso mais restrito da tecnologia nas escolas, considera a decisão de proibir o uso dos celulares como uma medida positiva e necessária. Para ela, os celulares, quando usados sem controle, podem prejudicar a capacidade de atenção dos alunos. “As pesquisas apontam que, até os 6 ou 7 anos, as crianças não devem ter acesso ao celular. Há maneiras muito mais eficazes de aprender sem o uso de telas”, explica. Dora defende que a escola ofereça recursos pedagógicos próprios, como computadores e materiais didáticos, em vez de permitir que os alunos se distraiam com o celular.
A medida, caso seja sancionada, também tem o apoio de profissionais que alertam para o impacto negativo do uso excessivo dos dispositivos móveis na educação. “O celular pode ser um grande aliado na educação, mas deve ser usado de maneira controlada e com objetivos pedagógicos claros”, conclui a especialista.
Próximos passos
Agora, o projeto de lei aguarda a sanção do governador Tarcísio de Freitas para entrar em vigor. Se sancionada, a medida afetará todos os níveis de ensino, desde a educação infantil até o ensino médio, e trará uma nova dinâmica para as escolas paulistas. A iniciativa visa promover mais foco nas aulas, estimular a interação social entre os alunos e reduzir as distrações causadas pelo uso dos dispositivos móveis.