A primeira parcela do 13° salário, benefício previsto pela legislação brasileira há mais de 60 anos, será paga a milhões de trabalhadores de todo o Brasil na próxima semana. De acordo com a lei nº 4.090, sancionada em 13 de julho de 1962 pelo então presidente João Goulart, o pagamento do 13° salário, ou “gratificação de Natal”, é obrigatório para todos os empregados formais e deve ser realizado anualmente, dividindo-se em duas parcelas: a primeira deve ser paga até 30 de novembro e a segunda até 20 de dezembro.
A educadora financeira Mila Gaudencio, convidada do podcast Educação Financeira, explica que o 13° salário é um direito do trabalhador e não um bônus. Para ela, entender que esse valor é um pagamento justo pelo trabalho realizado durante o ano pode mudar a forma como o trabalhador lida com o dinheiro. “Quando a gente sabe que demandou um esforço para conquistar esse dinheiro, a gente acaba tendo uma disciplina maior do que se fosse simplesmente um dinheiro ganho”, afirma Mila.
Origem do 13° salário e sua importância
O 13° salário surgiu como resposta a uma série de protestos e greves no Brasil, em um momento de grande inflação que prejudicava o poder de compra da população. Mesmo com resistências de empresários e especialistas econômicos da época, que afirmavam que a medida poderia quebrar a economia, o benefício se consolidou e continua a injetar bilhões na economia brasileira. Em 2024, estima-se que o pagamento do 13° salário injete mais de R$ 320 bilhões na economia.
Mila Gaudencio também destaca que o 13° salário serve para equilibrar as finanças, especialmente nos meses com mais dias úteis, que podem gerar um desequilíbrio no orçamento devido aos maiores gastos com transporte, alimentação e outras despesas. “O 13° é essa diferença para os meses que têm cinco semanas, para a pessoa receber pelo que ela trabalhou”, explica a especialista.
Como planejar o uso do 13° salário
Para o uso do 13° salário, Mila Gaudencio recomenda uma análise cuidadosa da situação financeira de cada pessoa. Se o trabalhador possui dívidas, é aconselhável priorizar o pagamento dessas pendências, o que pode reduzir o impacto no orçamento mensal. A educadora também alerta para o planejamento das despesas de início de ano, como IPTU, IPVA e materiais escolares, que podem pesar nas finanças em janeiro.
Caso não haja dívidas e o orçamento esteja equilibrado, Mila sugere que o trabalhador reserve uma parte do 13° salário para futuras despesas e até para se presentear, mas sempre com moderação. Ela destaca a importância de definir um limite de gastos, especialmente em dezembro, quando a tentação de realizar compras extras é maior. “Tem que ter cuidado para que os sonhos não virem pesadelos financeiros”, adverte.
Empreendedores também podem ter um 13° salário
Os empreendedores, autônomos ou outros profissionais que não têm o direito ao 13° salário, podem se organizar financeiramente para garantir esse benefício no final do ano. Segundo Mila, a estratégia é separar o dinheiro pessoal do dinheiro da empresa e reservar uma parte do pró-labore ao longo do ano. “É importante começar esse processo desde o início do ano para conseguir poupar e ter o equivalente ao 13° salário em dezembro”, orienta a educadora.
Para quem está começando a empreender, a educadora reconhece que pode ser difícil atingir essa meta logo de início, mas destaca que o processo leva tempo e é importante não se frustrar. Mesmo uma pequena reserva mensal pode ajudar o empreendedor a ter uma folga financeira no começo do ano.
Com o 13° salário sendo pago aos trabalhadores em todo o Brasil, a conscientização sobre o uso responsável desse benefício pode ajudar a garantir um início de ano financeiro mais tranquilo e equilibrado.