Em uma ação inédita de controle populacional e prevenção da febre maculosa, as capivaras da Lagoa do Taquaral, em Campinas (SP), receberam “tatuagens” de coração durante a campanha de esterilização promovida pela prefeitura. A medida, que consiste em uma raspagem do pelo dos animais após a cirurgia, visa facilitar o monitoramento e garantir que os animais castrados sejam acompanhados pelos especialistas na recuperação.
A ação faz parte do plano de manejo iniciado em setembro deste ano, que busca controlar a população de capivaras na cidade, além de combater a disseminação da febre maculosa, doença transmitida pelo carrapato-estrela, hospedeiro da bactéria Rickettsia rickettsii. De acordo com o gestor ambiental e assessor do Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal (DPBEA), Rodrigo Pires, todas as capivaras que passam pelo procedimento de esterilização também são microchipadas, o que permite seu acompanhamento ao longo de toda a vida.
“Essa ação é uma medida que promove o bem-estar dos animais e diminui o risco de transmissão da febre maculosa. Estamos acompanhando de perto cada caso e monitorando o processo de recuperação”, afirma Pires.
Nesta quarta-feira (27), 53 capivaras passaram pela cirurgia em três campanhas realizadas no parque, e, segundo a prefeitura, as marcas nas pelagens desaparecerão após três ou quatro meses, quando o pelo crescer novamente.
Plano de manejo para controle populacional
O plano de manejo das capivaras em Campinas é uma estratégia para reduzir a transmissão de febre maculosa, que foi um problema de saúde pública na cidade em 2023. Durante a primeira fase da campanha, foi implementado o processo de “ceva”, que consiste em atrair as capivaras com alimentação controlada para captura. Após o procedimento de esterilização, os animais são soltos novamente.
O plano visa a castração de cerca de 200 capivaras que vivem nos parques públicos de Campinas, com o objetivo de reduzir o número de nascimentos de filhotes e, consequentemente, o risco de proliferação do carrapato-estrela. O processo é gradual e depende de fatores como o comportamento dos animais, condições ambientais e sociais, já que alguns grupos de capivaras são mais difíceis de capturar do que outros.
Para os machos, será realizado um procedimento de vasectomia, enquanto as fêmeas passarão por uma salpingectomia, cirurgia que remove as tubas uterinas, garantindo a esterilização.
Capivara e a febre maculosa
A capivara se tornou um foco de atenção em Campinas devido à sua relação com o surto de febre maculosa. O animal é o hospedeiro do carrapato-estrela, responsável por transmitir a bactéria Rickettsia rickettsii, causadora da febre maculosa. Embora as capivaras não apresentem sintomas da doença, elas são fundamentais para o ciclo de transmissão do carrapato, que pode picar outros animais e seres humanos, propagando a infecção.
O plano de manejo das capivaras tem como objetivo reduzir esse ciclo de transmissão, oferecendo uma solução para o controle da população e a proteção da saúde pública.
O que é a febre maculosa?
A febre maculosa é uma doença infecciosa grave, transmitida por carrapatos contaminados, e seus sintomas incluem febre alta, dores musculares, náuseas, vômitos, diarreia, entre outros. Em casos mais graves, a doença pode levar à paralisia e até à morte se não tratada a tempo com antibióticos adequados. A prevenção envolve o controle da infestação de carrapatos e a conscientização sobre a doença.
A Prefeitura de Campinas segue com o plano de manejo e promete dar continuidade aos esforços para o bem-estar dos animais e a segurança da população.