O dólar operou em alta firme nesta quinta-feira (28), superando a marca de R$ 6 pela primeira vez na história, após o anúncio do pacote fiscal do governo e da isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil. Por volta das 14h50, a moeda norte-americana subia 0,75%, sendo negociada a R$ 5,98 na venda, com o mercado reagindo negativamente às medidas, enquanto o Ibovespa registrava queda de 1,3%, aos 125,9 mil pontos.
A alta do dólar ocorre em um dia marcado pela ausência de referências do mercado americano, já que as bolsas de Wall Street estão fechadas devido ao feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos. No Brasil, os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento) e Rui Costa (Casa Civil) apresentaram os detalhes do pacote fiscal e da reforma tributária no Palácio do Planalto.
O pacote, que inclui a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês, foi anunciado por Haddad na noite de quarta-feira (27). O ministro afirmou que o impacto fiscal da medida será de R$ 35 bilhões, abaixo do valor estimado por analistas, que projetavam um impacto de R$ 45 bilhões. A proposta, que precisa ser aprovada pelo Congresso, deve entrar em vigor a partir de janeiro de 2026.
Além da isenção, o governo também detalhou as propostas de ajuste fiscal, com previsão de uma economia de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos. As medidas incluem limitações no crescimento do salário mínimo, mudanças na aposentadoria militar, controle de super salários, e o aperfeiçoamento dos mecanismos de controle de fraudes e distorções no BPC (Benefício de Prestação Continuada).
No entanto, o pacote fiscal foi recebido com críticas por parte de analistas do mercado, que consideraram as medidas de corte de gastos tímidas. A analista Solange Srour destacou que o pacote não apresenta ousadia no controle dos gastos públicos, enquanto o analista Tony Volpon afirmou que a apresentação teve caráter de “vídeo de campanha”, sem medidas econômicas efetivas. O ministro da Fazenda, por sua vez, expressou confiança na aprovação das propostas ainda neste ano, apesar das dificuldades no calendário do Congresso.