Enquanto o Brasil observou uma queda de 12% nas emissões de gases de efeito estufa em 2023, impulsionada pela redução do desmatamento na Amazônia, Campinas, no interior de São Paulo, registrou um aumento de 6%, atingindo o maior nível de emissões da sua história. De acordo com dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), a cidade emitiu 2,93 milhões de toneladas de CO2 equivalente (tCO2e), um aumento em relação às 2,76 milhões de toneladas registradas no ano anterior.
O aumento nas emissões de gases do efeito estufa, que contribuem para o aquecimento global e para o aumento de eventos climáticos extremos, como temporais e queimadas, é especialmente notável no setor de transportes. Com 69,7% das emissões provenientes do setor de transportes, Campinas se destaca pelo impacto das emissões dos veículos, principalmente da aviação, que teve um crescimento de 17,7% em comparação com 2022. O setor de saneamento básico, que inclui lixões e aterros sanitários, foi responsável por 23,3% das emissões.
Dentro do setor de transportes, a aviação foi o principal responsável pelas emissões, com 960.708 toneladas de CO2 equivalente, representando 17,7% de aumento em relação ao ano anterior. A cidade também viu um aumento nas emissões de automóveis (+8,3%) e motocicletas (+11,2%), embora o transporte público e os ônibus tenham registrado uma leve queda.
Apesar de a aviação ser o maior contribuinte para as emissões de gases de efeito estufa em Campinas, a cidade tem buscado soluções para reduzir as emissões no transporte terrestre. O coordenador do SEEG, David Tsai, destacou que a melhoria na mobilidade urbana e o planejamento territorial podem ajudar a diminuir as emissões de carros e ônibus, com medidas como o incentivo ao transporte público eficiente, à construção de ciclovias e à promoção do uso de bicicletas e caminhadas.
Por outro lado, o aumento de 48% nas emissões relacionadas ao desmatamento em Campinas foi apontado como um dos principais fatores para o crescimento das emissões na cidade. O secretário municipal de Clima, Meio Ambiente e Sustentabilidade, Rogério Menezes, explicou que o aumento do desmatamento foi provocado por loteamentos irregulares na Área de Proteção Ambiental (APA) do Campo Grande, e que a prefeitura já adotou medidas legais para resolver o problema.
O município de Campinas ainda está implementando um plano de ação climática que inclui ações como a eletrificação da frota de transporte público, a utilização de etanol na frota da Sanasa, a implantação de ciclovias e a eletrificação do transporte de resíduos. Apesar disso, o secretário ressaltou que as emissões do transporte aéreo e os desafios da macroeconomia dificultam mudanças imediatas, e que o impacto do aumento da população e da economia também contribui para o aumento das emissões.
A nível estadual, o Governo de São Paulo tem trabalhado em políticas públicas para incentivar a eletrificação das frotas e o uso de biocombustíveis, além de promover o transporte sustentável. Já o Governo Federal, por meio do Plano Clima, tem desenvolvido estratégias para a mitigação e adaptação às mudanças climáticas até 2035, com metas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e combater o aquecimento global.
Com as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa em destaque, Campinas, assim como o restante do Brasil, enfrenta o desafio de conciliar o crescimento econômico com a sustentabilidade, buscando alternativas para diminuir as emissões e mitigar os impactos das mudanças climáticas.