O mercado global de cocaína atingiu níveis recordes de produção e consumo, impulsionados tanto pela alta oferta da droga na América Latina quanto pelo aumento significativo na demanda mundial, especialmente na Europa. Segundo o Relatório Mundial sobre Drogas da Organização das Nações Unidas (ONU) de 2024, a produção de cocaína foi de cerca de 2,757 toneladas em 2022, o que representa um aumento de 20% em relação ao ano anterior. Esse crescimento é impulsionado por inovações no cultivo de coca, principalmente na Colômbia, Peru e Bolívia, que respondem por quase 100% da produção mundial.
A abundância de cocaína tem gerado preocupações em diversos países, especialmente na Europa, que se tornou o segundo maior mercado consumidor da droga. A pureza da cocaína aumentou consideravelmente, enquanto os preços permanecem estáveis, o que leva a uma maior disponibilidade e a novos padrões de consumo. Especialistas apontam que, além do aumento da oferta, houve um crescimento no número de consumidores, com 23,5 milhões de pessoas consumindo a droga mundialmente. Esse aumento no consumo está particularmente visível na Europa Ocidental, onde a cocaína está mais pura e acessível, com a pureza média da droga na região crescendo 45% nos últimos dez anos.
O Brasil, enquanto país de trânsito, tem experimentado um aumento no consumo de cocaína e crack, que impacta diretamente a saúde pública e gera desafios significativos para as políticas de segurança. O país segue como um dos maiores mercados de cocaína, com apreensões crescentes e um aumento notável no consumo de crack, o que coloca a população em risco de complicações de saúde mais graves.
Enquanto isso, a produção de opioides, como a heroína, sofreu uma queda global, principalmente devido à proibição do cultivo de ópio no Afeganistão, o maior produtor mundial de ópio. Isso gerou especulações sobre o possível aumento do consumo de cocaína como alternativa, mas, até o momento, não houve um impacto significativo na oferta de opioides.
O cenário global de cocaína e suas consequências para a saúde pública e segurança continuam sendo um grande desafio, com o aumento da violência relacionada ao tráfico e o crescimento do número de usuários, especialmente na Europa e América Latina.