Uma nova pesquisa realizada pela Universidade da Califórnia sugere que a emoção que muitos acreditavam ser ciúmes nos animais pode ser, na verdade, uma reação à frustração. Publicado no final de novembro no Proceedings of the Royal Society B, o estudo analisou mais de 60.000 observações de 18 espécies diferentes, desafiando a teoria de que os animais sentem ciúmes ou inveja como os seres humanos.
De acordo com Oded Ritov, candidato a Ph.D. no Departamento de Psicologia da universidade, a pesquisa revelou que, embora algumas espécies possam demonstrar frustração quando suas expectativas não são atendidas, isso não equivale a ciúmes. “Se houver um efeito, ele é muito fraco e pode aparecer em cenários muito específicos. Mas não é nada parecido com o que vemos nos humanos em termos do nosso profundo senso de justiça”, explicou Ritov.
Estudos anteriores, como o famoso experimento com macacos-pregos realizado pelo primatologista Frans de Waal, sugeriam que os animais poderiam demonstrar ciúmes. No experimento, um macaco que recebia pepino ficava visivelmente irritado quando via seu parceiro ganhar uvas, jogando o pepino e demonstrando sinais de protesto. Contudo, Ritov argumenta que o comportamento observado não é necessariamente um sinal de ciúmes, mas sim uma reação à frustração causada pela quebra de expectativas.
O novo estudo sugere que os macacos estavam frustrados porque tinham esperado receber algo de igual valor e ficaram decepcionados quando isso não ocorreu, mesmo quando o outro macaco não estava presente. De acordo com Ritov, “os animais estão protestando contra o ser humano não os tratar tão bem quanto poderiam”.
Portanto, a ideia de que os animais sentem ciúmes da mesma forma que os humanos parece ser mais complexa do que se imaginava, e o estudo levanta novos questionamentos sobre como as emoções dos animais devem ser interpretadas.