Piracicaba (SP) registrou um aumento significativo nas mortes no trânsito em 2024, sendo a segunda cidade do estado com a maior média de vidas perdidas por habitante, segundo dados da plataforma Infosiga, do Detran-SP. Com 74 óbitos em acidentes viários, a cidade teve uma média de 17,33 mortes por 100 mil habitantes, 25% a mais do que em 2023, quando foram registradas 59 mortes.
A maioria das vítimas foi de motociclistas, com 42 óbitos (56,75%) envolvendo motos. O aumento do uso de motocicletas, combinado com a falta de atenção no trânsito, pode ser um dos fatores explicados por especialistas. Luiz Vicente Figueira Mello, pesquisador da Unicamp na área de Engenharia de Transportes, destaca que a crescente conectividade, como o uso de celulares durante o trajeto, contribui para o aumento dos acidentes. “A vida acelerada, somada à distração no trânsito, tem se mostrado fatal”, alerta o especialista.
A plataforma Infosiga também identificou que o uso de celulares é responsável pela maioria dos acidentes durante os dias úteis, enquanto a ingestão de bebidas alcoólicas está diretamente ligada aos acidentes nos finais de semana, especialmente aos sábados e domingos.
Moradores de Piracicaba relatam insegurança no trânsito da cidade. Jackson Alves, ciclista, quase foi atropelado por um ônibus recentemente e sente que falta conscientização tanto por parte dos motoristas quanto dos pedestres. Já a motociclista Paula Prando compartilha a mesma percepção, alertando para a falta de respeito entre motoristas e motociclistas.
Dilson Rodrigues, motorista e motociclista, também vivenciou a insegurança no trânsito e relatou um acidente grave, o quarto do tipo, que o fez reconsiderar o uso da moto. “Vou optar mais pelo carro por conta da minha segurança e a da minha família”, disse Dilson, que quebrou a canela e o tornozelo após escorregar e colidir com outra moto em uma via não pavimentada.
O pesquisador Luiz Vicente propõe a criação de bonificação para motoristas que respeitam as leis de trânsito e priorizam a segurança. “A bonificação deveria ser voltada para a segurança e para reduzir o número de multas”, sugere. A prefeitura de Piracicaba, por sua vez, afirmou que trabalha para diminuir os acidentes por meio de educação, engenharia e fiscalização.
A cidade, que já registrou o maior número de óbitos no trânsito desde 2015, continua buscando alternativas para melhorar a segurança. Nos últimos 12 meses, Piracicaba teve uma queda de 21,81% nos acidentes sem vítimas, mas o número de mortes aumentou, com destaque para os motociclistas. No total, 42 vidas foram perdidas em acidentes com motos, 21 com pedestres, 10 com automóveis e 1 com ônibus.
No estado de São Paulo, o aumento foi ainda maior: 12% de crescimento nas mortes no trânsito, com 6.099 óbitos registrados em 2024, sendo a maioria envolvendo motociclistas. O número de mortes de motociclistas aumentou em 16% em relação a 2023.