Pesquisas recentes têm levantado preocupações sobre os impactos do tempo de tela e do uso de redes sociais na saúde mental e nos hábitos alimentares de adolescentes. Um estudo realizado em setembro de 2024 indicou que cada hora adicional dedicada a essas plataformas está associada a um aumento nas chances de o jovem desenvolver sintomas de transtornos alimentares. Além disso, o aumento do uso de mídias sociais está relacionado a um maior risco de cyberbullying, outro fator que contribui para o desenvolvimento desses distúrbios.
O professor associado de pediatria Jason Nagata, da Universidade da Califórnia, apontou que atividades como binge-watching (assistir compulsivamente) e binge-scrolling (rolagem excessiva nas redes) também podem contribuir para a compulsão alimentar. De acordo com seu estudo de 2021, cada hora extra de mídia social se traduziu em um aumento de 62% no risco de transtornos de compulsão alimentar no ano seguinte.
A relação entre o uso de mídias sociais e os transtornos alimentares pode ser atribuída a vários fatores. O principal deles é o acesso constante a ideais corporais muitas vezes inatingíveis, o que pode gerar comparações e estimular comportamentos impulsivos. As redes sociais, apesar de permitir a entrada em comunidades, também podem favorecer a disseminação de comportamentos prejudiciais à saúde, como a obsessão por uma imagem corporal idealizada.
Além disso, muitos influenciadores digitais promovem produtos de perda de peso, o que pode afetar a percepção dos adolescentes sobre seu corpo e influenciar suas escolhas alimentares. Jennifer Rollin, fundadora do Eating Disorder Center, alertou para o impacto dos anúncios nas mídias sociais, que muitas vezes passam despercebidos, mas têm um grande poder de influência sobre o público jovem.
O conteúdo nas redes sociais, por mais que não seja diretamente voltado para o emagrecimento, pode normalizar comportamentos prejudiciais relacionados ao corpo e à alimentação. Rollin recomendou que os adolescentes sigam contas que promovam a diversidade de corpos e experiências, como forma de proteger sua saúde mental e prevenir transtornos alimentares.
No entanto, especialistas alertam que as mídias sociais não são a única causa desses transtornos. A chave está em estabelecer limites e manter conversas abertas com os adolescentes sobre o que eles veem online e como isso pode afetá-los emocionalmente. É importante observar também os sinais de alerta para transtornos alimentares, como a obsessão com o peso e a aparência, que pode afetar a qualidade de vida e o bem-estar do jovem.
Se houver suspeita de que o adolescente esteja desenvolvendo um transtorno alimentar, é essencial buscar ajuda profissional. O tratamento desses distúrbios geralmente envolve uma equipe multidisciplinar, composta por profissionais de saúde mental, médicos e nutricionistas, para um acompanhamento adequado.
O alerta para a importância do monitoramento do uso das redes sociais e o estímulo a hábitos saudáveis reflete a crescente necessidade de equilíbrio e atenção no ambiente digital, especialmente para a saúde mental e emocional de jovens em formação.