Um rapaz de 20 anos morreu durante uma intervenção policial, em Piracicaba, na noite deste sábado (12). Após a morte, moradores incendiaram um ônibus e bloquearam vias do bairro em protesto.
De acordo com o relato da Polícia Militar no boletim de ocorrência, ele fugiu de uma abordagem após ser flagrado com um revólver e foi alvejado após apontar a arma para um soldado. Já uma prima de Adriano Henrique Targino da Silva afirma que ele não estava armado e que a ação policial aconteceu quando ele tinha se envolvido em uma briga, que já estava sendo separada por pessoas no local.
Segundo o boletim de ocorrência, o caso aconteceu no bairro Bosques do Lenheiro, por volta das 22h20. À Polícia Civil, a PM informou que realizava patrulhamento de rotina quando, no cruzamento da Rua Pau Brasil com a Rua Mognos, flagrou dois homens discutindo com arma de fogo em punho, que fugiram para direções opostas ao avistarem a viatura.
Os militares informaram que pediram reforço e passaram a perseguir um dos envolvidos no desentendimento, que se escondeu atrás de uma perua Kombi na Rua Carambás, esquina com a Rua Seringueiras. Em determinado momento, também conforme o relato dos PMs, o rapaz apontou um revólver calibre 32 em direção a um soldado, que efetuou quatro disparos para se defender e um deles atingiu o rapaz no tórax.
Foi acionado socorro médico, que o encaminhou ao Pronto Socorro Vila Sônia, onde não resistiu. O velório e enterro ocorreram na tarde deste domingo (13), no Cemitério Parque da Ressurreição.
Prima diz que rapaz estava desarmado
Prima de Adriano, Adriele Fernanda Sampaio de Brito apresentou informações diferentes da PM. Segundo ela, quem estaria armado era outro rapaz que estava brigando com seu primo.
“E a gente não sabe se eles [PMs] viram a arma e pararam para pegar os meninos, aí todo mundo saiu correndo. Meu primo também saiu correndo. Aí, os policiais deram vários tiros nele, a gente não sabe quantos porque a perícia não informou, disse que tem que esperar 15 dias. Injustamente, né, porque ele não sabia de nada que estava acontecendo. Ele não estava armado em momento nenhum e ele [policial] foi e atirou nele”, afirmou.
Também segundo ela, alguns moradores já estavam separando a briga. “Possivelmente teria cessado a briga […] Eles [policiais] fizeram tudo isso e começaram a jogar bomba, spray de pimenta, a população se revoltou, a gente também não queria que tivesse queimado o ônibus e essas coisas, mas a população ficou revoltada com tudo isso. Ele era inocente, não tinha envolvimento com drogas, com nada. Tem um filho, que no mês que vem vai fazer 2 anos”.
Bombas e incêndio em ônibus
Após a ocorrência, conforme o relato no boletim de ocorrência, moradores começaram a atacar os policiais com pedras, paus e bombas e foi acionado reforço do Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) e Força Tática.
Também durante os protestos, os moradores incendiaram um ônibus fretado de uma empresa e o fogo atingiu a rede de energia do bairro.
Em nota, a CPFL Paulista informou que após o incêndio no coletivo registrou interrupção de energia para poucos clientes, na manhã deste domingo. “A companhia esclarece que equipes foram enviadas e trabalham no local para restabelecer a rede que foi atingida pelas chamas”, acrescentou.
Imagens em redes sociais também mostram que moradores atearam fogo em pneus e galhos de árvores para bloquear vias do bairro.
De acordo com a prefeitura, por causa da situação, os ônibus do transporte urbano municipal ficaram temporariamente sem entrar no bairro neste domingo (13), mas já retomaram o itinerário normal na região.