A aeronave de pequeno porte, que caiu com dois ocupantes no Aeroporto de Americana (SP) na manhã desta quinta-feira (26), era um “Trike”. O passageiro teve ferimentos leves e precisou ser socorrido. Já o piloto não ficou ferido. Um vídeo registrou o momento da queda. O g1 conversou com um especialista em aviação para entender exatamente o que é o modelo e as especifidades.
O Trike é um ultraleve pendular que leva até duas pessoas apenas – o piloto na frente e o passageiro atrás. De acordo com Ruy Lange, o termo “pendular” é porque os ocupantes e o motor ficam “pendurados” na asa delta, e isso produz a sustentação. No entanto, ele só pode ser usado para voos experimentais.
“O trike nada mais é que uma asa delta com motor. O voo é por conta em risco, não tem como homologar uma aeronave dessa para transporte regular. É um uso recreativo onde quem voa está ciente dos riscos, não só pela pouca exigência a respeito dos treinamentos, como também a qualidade dos materiais, manutenção periódica, etc”, afirmou o especialista.
A aeronave pegou fogo após a queda. Ainda segundo a corporação, o passageiro, que também é piloto e estava fazendo um voo de instrução para conhecer o ultraleve, teve uma contusão na perna esquerda e queimaduras de segundo grau nas costas e no braço.
O homem foi socorrido pelo resgate ao Hospital Municipal Waldemar Tebaldi, em Americana. A pista do aeroporto foi interditada. Além do Corpo de Bombeiros, a Guarda Municipal e a Polícia Civil também atenderam a ocorrência. A perícia foi até o local.
A aeronave estava se preparando para o pouso, quando caiu de bico e sofreu a queda, a dois metros do chão. O modelo, que estava com a manutenção em dia e em situação totalmente regular, ficou completamente destruído.
‘Erro de julgamento’
À EPTV, afiliada da TV Globo, o piloto do ultraleve, Luiz Fávero, contou que o passageiro também é piloto desde 1976 e queria conhecer a aeronave. Por isso, eles saíram de Atibaia (SP) e foram até Americana, uma prática comum em voos de instrução.
Fávero ainda afirmou que, por ser uma aeronave para treinamento, ela tem dois comandos: um para o piloto, e um para o outro ocupante. Segundo ele, o que aconteceu foi que, ao chegar no Aeroporto de Americana para o pouso, o passageiro teve um “erro de julgamento” ao aplicar um protocolo usado em aviões e não em ultraleves.
“No avião, o comando é invertido, quando você vem descendo, tem que puxar o manche para o avião estabilizar e pousar. No, trike é o contrário, quando você vem para pouso, você vem puxado e tem que empurrar para fazer o arredondamento. Ele raciocinou como piloto de avião e puxou com tudo, ai a aeronave entrou de bico e tombou. Eu não tive o que fazer”, explicou.