A Prefeitura de Campinas (SP) informou, no início da tarde desta sexta-feira (27), que manterá o fechamento de todos os 25 parques e bosques da cidade ao menos até o dia 3 de fevereiro. Os locais estão fechados desde terça-feira (24), quando uma menina de 7 anos morreu ao ser atingida por um eucalipto na Lagoa do Taquaral.
Na quarta (25), a Secretaria de Serviços Públicos chegou a sinalizar que poderia reabrir neste sábado (28) a Lagoa do Taquaral. No entanto, a pasta refugou da decisão ao considerar a previsão de novas chuvas para este fim de semana.
Ainda segundo a administração municipal, uma nova avaliação sobre a medida está prevista para 3 de fevereiro.
Além do fechamento atual, Ernesto Paulella, secretário de Serviços Públicos, explicou que decisões semelhantes devem ocorrer sempre que a cidade registrar acumular volume igual ou superior a 80 mm de chuva em três dias – indicador que a Defesa Civil usa como uma das referências para decretar estado de atenção.
“Provavelmente será uma rotina”, falou o secretário. Segundo ele, o fechamento pode ser parcial ou total e dependerá da disposição das árvores nas áreas em relação ao público.
Depois da morte da menina, equipes do Departamento de Parques e Jardins (DPJ) também realizam o levantamento de árvores em risco nos parques de Campinas e fazem a extração ou poda delas quando necessário.
“Nós estamos terminando o inventário do Bosque dos Jequitibás, o da Lagoa do Taquaral começou 15 dias atrás, inclusive com poda dos eucaliptos na lateral do alambrado, e nos outros parques esses estudos foram iniciados. Nós temos 25 parques, a nossa intenção é dentro de 30 dias estar com tudo isso terminado”, falou Paulella.
Além disso, a administração municipal pediu à população que “evite circular em áreas com muitas árvores”. “Por causa das chuvas constantes desde dezembro, a situação em várias partes da cidade é de solo encharcado, o que aumenta o risco de quedas de árvores”, diz nota.
MP apura morte de menina
O Ministério Público (MP) iniciou uma investigação sobre a queda do eucalipto da Lagoa do Taquaral que causou a morte de Isabela Tiburcio Fermino, de 7 anos, na terça. Ao instaurar o procedimento, a Promotoria de Justiça do Meio Ambiente de Campinas pediu um parecer sobre as condições das árvores do parque.
“Dentre as várias diligências, [o MP] solicitou também parecer técnico do Caex (órgão técnico do MPSP) para se examinar as condições fitossanitárias das árvores do Parque”, informou, nesta sexta-feira (27), a promotoria.
Morte de Isabela
O g1 teve acesso ao boletim de ocorrência e consta que Isabela estava com os pais na área de churrasqueira, perto do espaço onde ficam os pedalinhos da Lagoa do Taquaral, no momento em que houve o acidente. Ela ficou presa sob a árvore e não resistiu aos ferimentos, diz o registro.
Equipes do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil e da Guarda foram acionadas durante a ocorrência. Os pais da criança não ficaram feridos, contudo, a mãe da menina ficou em estado de choque e precisou ser socorrida para a UPA Anchieta, de onde teve alta após o atendimento.
Isabela era filha de um pastor evangélico, morava com a família em Hortolândia e estava no parque para o aniversário de uma prima, segundo a polícia. O enterro da criança ocorreu na cidade em que ela morava.
Uma mulher de 27 anos também ficou ferida após a queda da árvore. Segundo a polícia, ela estava no parque com o namorado e foi socorrida, com dores nas costas e pernas, em estado grave ao Hospital Mário Gatti.
A árvore, um eucalipto gigante que fica ao lado da pista de caminhada, ficou atravessada após despencar. A prefeitura diz que ele estava “aparentemente sadio”.
Investigação na Polícia Civil
A Polícia Civil em Campinas confirmou a abertura de um inquérito para apurar a morte de Isabela. O caso é apurado como morte acidental pelo 4º Distrito Policial da metrópole e a previsão é de que os depoimentos sobre o caso começaram ainda na terça-feira.
O advogado que representa a família explicou à EPTV que acompanha o trabalho da perícia e, se for comprovada a culpa do poder público, ela irá avaliar se entrará com uma ação para responsabilização penal.