O total de armas em acervos particulares no Brasil chegou a 2,9 milhões de exemplares em 2022, segundo dados obtidos pelos institutos Sou da Paz e Igarapé por meio da Lei de Acesso à Informação. Este número é mais do que o dobro do que foi registrado em 2018, ano em que haviam 1,3 milhão de equipamentos com registro.
Os dados são referentes às armas dos seguintes grupos: CACs (caçadores, atiradores desportivos e colecionadores), cidadãos comuns com registro para defesa pessoal, caçadores de subsistência, servidores civis (como policiais e guardas civis) com prerrogativa de porte e que compraram armas para uso pessoal e membros de instituições militares (como policiais e bombeiros militares) que compraram armas para uso pessoal.
As mudanças nas regras de posse e porte de armamento feitas durante o governo de Jair Bolsonaro contribuíram para avanço armamentista e ainda preocupam especialistas da área de segurança pública pelas diversas pesquisas que relacionam uma maior disponibilidade de armas ao aumento da violência.
O rápido aumento no número de registros de armas em acervos particulares é decorrente, também, da mudança de perfil dos compradores. Os CACs eram a categoria que menos possuía exemplares, indo de cerca de 350 mil (26,6% do total) em 2018 para 1,2 milhão (42,5%) em 2022. Em comparação, as armas pertencentes a militares — a categoria com maior quantidade no primeiro ano de análise — foi de 625.510 para 728.287 exemplares. Também vale destacar que, no período analisado, o número de armas adquiridas por ano aumentou cerca de 481%, com 95 mil compradas em 2018 para 553 mil em 2022.
Em 1º de janeiro, o presidente Luís Inácio Lula da Silva assinou um decreto que ficou conhecido como “revogaço armamentista”, suspendendo e revertendo medidas do ex-presidente. Em 1º de fevereiro, o Ministério da Justiça e Segurança Pública deu 60 dias para que proprietários de armas de fogo cadastrem os equipamentos no sistema eletrônico da Polícia Federal, o Sinarm (Sistema Nacional de Armas).