Os familiares dos pacientes que foram resgatados de uma clínica clandestina em Nova Odessa (SP), na quarta-feira (29), pagavam até R$ 2 mil por mês acreditando no tratamento de dependência química dos parentes. No entanto, o local foi encontrado com uma série de problemas, como ambiente insalubre, falta de água potável e alimentação, além dos pacientes trancados com cadeado.
A Polícia Civil prendeu duas pessoas durante a fiscalização da uma clínica, mas elas foram liberadas em audiência de custódia, nesta quinta-feira (30). O caso foi registrado como cárcere privado, maus-tratos e furto, já que foi apontado que era desviada energia elétrica de uma escola nas proximidades.
A ação foi realizada na operação Repouso, pela Polícia Civil de Nova Odessa, em conjunto com a Vigilância Sanitária da cidade, em um imóvel localizado no bairro Chácaras Central. Segundo boletim de ocorrência, o local já tinha sido interditado há um mês por possíveis maus-tratos.
Condições desumanas
No interior do imóvel, foram encontradas 23 pessoas em condições descritas como “desumanas e insalubres” no boletim de ocorrência, sem alimentação e com água não potável, que era consumida por todos através de uma jarra suja e uma única caneca.
O registro policial também aponta que no interior do banheiro havia fezes pelo chão, forte odor de urina e muita sujeira, sendo que algumas pessoas estavam acamadas sem nenhum profissional acompanhando ou as monitorando.
Conforme o relato, havia pessoas com diversas debilidades como cadeirantes, amputados e pacientes com traumatismo encefálico. Também foi destacado que estavam todos trancados e sem acompanhamento de profissionais, e que em caso de um eventual incêndio as pessoas teriam dificuldades para evacuar o local.
Foram acionados os setores de assistência social da Prefeitura de Nova Odessa e a Secretaria de Saúde, que compareceram ao local para prestar o atendimento e encaminhar as pessoas para atendimento ambulatorial, nos casos necessários.
Esses profissionais ainda realizaram contato com os familiares dos pacientes que não foram hospitalizados e solicitaram que acompanhassem o desdobramento do caso.
Dez pacientes foram levados ao hospital municipal e os demais foram entregues aos familiares, perante a assinatura de um termo de responsabilidade.
Furto de energia
Ainda em vistoria no estabelecimento, a equipe da Polícia Civil encontrou uma instalação de energia elétrica de forma irregular, uma vez que estavam desviando energia elétrica de uma escola municipal vizinha, o que foi constatada por técnicos da CPFL e peritos da Polícia Cientifica.
Os indiciados foram encaminhados para a Cadeia Pública de Sumaré e, nesta quinta-feira, em audiência de custódia, foi concedida liberdade provisória aos dois, com imposição de medidas cautelares, informou o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).
As medidas cautelares impostas foram comparecimento a todos os atos processuais; proibição de ausentar-se da cidade por prazo superior a sete dias sem autorização; proibição de alterar o endereço sem informar à Justiça; recolhimento domiciliar noturno, das 22h às 06h; e proibição de acesso ou frequência a outras clínicas de reabilitação ou similares.